É legítimo que um governante seja recebido na igreja como qualquer pessoa, mas de uma forma especial por conta da posição que ocupa na sociedade.
Estamos chegando ao período eleitoral no país, e talvez este pleito seja o mais bélico de toda a história da recente democracia tupiniquim. A nação nunca esteve tão polarizada e dividida quanto agora, e sabemos que a população evangélica novamente terá um papel preponderante nas grandes decisões pelas votações para os cargos do poder Executivo e Legislativo. Poderemos ter novos ou antigos governantes e o clima político já está esquentando bastante nas redes sociais.
Considerando este cenário, sabemos ser neste período que muitos políticos aparecem nos templos para buscar votos e nada mais. Seria um acinte que um candidato a algum cargo eletivo participe de um culto público, mesmo com todos percebendo que este movimento pouco tem a ver com a participação numa celebração espiritual? Como podemos entender este tipo de caso?
É preciso separar a figura política de seu cargo público. Um político dentro de um templo é como um empresário, ou uma empregada doméstica; trata-se apenas de uma questão semântica. Sua ocupação secular em nada pode influenciar em seu direito de frequentar qualquer ambiente religioso. Ele pode e talvez precise como qualquer um de estar numa igreja, mesmo que sua motivação seja ambígua.
No entanto, se este político exerce um cargo público, a coisa muda de figura. Estamos falando daquilo que a Escritura chama de “autoridade constituída”. A orientação que temos na Palavra de Deus é que devemos nos “sujeitar”, ou seja, reconhecer a autoridade e lhe dar o devido valor, seja qual for o seu posicionamento político-partidário ou ideológico. Se foi eleito pelo povo e se possui autoridade pública, devemos respeitar e obedecer cada lei ou decreto que não se interponha à verdade de Deus revelada nas Escrituras. Devemos submissão ao poder estatal; contudo, devemos muito mais submissão ao nosso Senhor e Rei, Jesus Cristo de Nazaré.
Então é legítimo que um governante seja recebido na igreja como qualquer pessoa, mas de uma forma especial por conta da posição que ocupa na sociedade. Em Romanos 13, a ideia de Paulo é que entendamos que toda autoridade pública advém da soberania de Deus, e estes ocupam temporariamente uma função que deve ser cumprida com sabedoria e senso de justiça, e a igreja precisa constatar a providência divina em tudo isso. Já o apóstolo Pedro, vai declarar que devemos honrar a todos, o que certamente inclui aqueles governantes que naturalmente não gostamos de suas posturas e posições no ambiente político. Em 1 Pedro 2.17, o apóstolo de Cristo declara: “Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei.” e este rei aqui não é Jesus, mas certamente o que seria em nosso tempo, o presidente da República do Brasil, que hoje se chama Jair Bolsonaro.
Porém, pense nisso. A perseguição da igreja por parte do Estado já estava avançando bastante por todo o território ocupado pelo Império Romano. E ainda assim o líder maior da igreja cristã orienta aos irmãos que honrem governantes tão cruéis e maus! Por que isso? Porque até o mau político, quando ocupa um cargo público, o faz com a permissão do Deus que governa todos os eventos da história da humanidade. Se ele(a) está lá, é porque isso pertence a um propósito maior que Deus pode ou não nos mostrar num curto espaço de tempo.
Agora, precisamos colocar outro ponto nesta reflexão. Tudo bem que devemos honrar as autoridades constituídas e respeitar todos os governantes, mas e a possibilidade de se dar espaço para eles falarem em nossos cultos? Haverá aqueles que repudiam veementemente todo líder que assim procede por entender que o lugar da pregação do evangelho não pode ser ocupado por gente que possui uma função inferior. “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus (Mateus 22.21)”. Para estes, o ideal é que os políticos façam suas propagandas políticas nos comícios e aglomerações ligadas à política; que eles busquem os votos pelas vias democráticas, mas não na igreja do Senhor Jesus. Que Deus dê sabedoria a cada crente, especialmente aos pastores. Oremos pelo Brasil!