O evangelho pode promover autoajuda num dado momento, porém jamais será essencialmente uma mensagem de autoajuda

 

Um pastor ter milhões de seguidores no Instagram, Tik Tok e YouTube não é nada absurdo. Pelo contrário, as plataformas digitais são um campo vasto para a evangelização e promoção de um bom conteúdo teológico – e o mundo precisa consumir a mensagem vitoriosa da redenção no evangelho, bem como o saber de Deus na Escritura sendo explanado com clareza e graça. A questão não é um pastor, menos ainda seu ministério. A questão é somente o conteúdo do que se publica – seja quem for.

Pense nisso. Se você fosse um pastor ou um pregador da internet, que tipo de mensagem pregaria? Aquela que faria os corações se ferirem pela Palavra ou a que iria massagear seus egos? O que importa é a compreensão de que não basta produzir algo belo e emocionante para que as pessoas venham à fé. Se você não anuncia Cristo para a glória de Deus, talvez você esteja fazendo e entendendo errado o propósito de se pregar o evangelho.

Não tem muito tempo que um pastor disse de forma cabal: “Jesus é o centro do evangelho, mas o centro de Jesus é VOCÊ!”. Tal declaração repercutiu bastante no meio evangélico e nunca houve uma retratação à altura sobre o que foi dito. Isto é grave e triste. Não há prazer em tratar de um assunto como este. Muito menos alegria. É de se chorar quando vemos alguém que pode estar até bem-intencionado, mas que, talvez, para “ganhar a todos”, esteja ajudando muitos a permanecerem no engano.

Um pastor que prega um evangelho de “autoajuda” pode estar atraindo os ouvintes para si, porém não para Cristo. E isso porque a graça do evangelho não é barata, sem cruz, mas é preciosa, justamente porque mostra que Jesus veio para nos revelar o Pai e seu amor. Entenda isso: Deus está no centro do coração de Jesus e Jesus está no centro do coração de Deus. A glória do Pai é o fim último da missão do Filho, bem como é o fim último da missão da Igreja (Fp 2.5-11). Não é sobre mim ou sobre você: TUDO É SOBRE JESUS! O Filho veio para, sobretudo, glorificar o Pai. O Pai enviou seu Filho para que sua glória fosse vista e manifestada entre os pecadores. Não há beleza fora da realidade do Deus Trino. Devido ao Seu santíssimo nome é que Ele regenerou seu povo (Ez 36.22), e Ele o fez para sua própria glória e louvor (Rm 11.36).

É importante dizer que ninguém é forjado nas bajulações, e é uma expressão de grandeza reconhecer um equívoco e demonstrar que não mais continuará a pregar mensagens antropocêntricas no púlpito de Deus. O evangelho da autoajuda não salva, apenas distrai. Não forma discípulos, mas somente consumidores e “fãs”. E você precisa deixar de ser um consumidor deste evangelho raso.

Caro pastor coach, com todo carinho e respeito, sabemos que você muitas vezes quer mostrar algo verdadeiro e real, o amor de Deus por nós em Cristo Jesus e o quão somos valiosos para Ele; contudo, é importante que você saiba que a glória de Deus é muito mais importante para Deus do que Sua maior criação que é o ser humano. Não se trata de coisas excludentes. Apenas que o coração de Jesus não é preenchido por nós da mesma forma que é preenchido pela glória de Deus. Jesus ama muito mais a glória do Pai do que a nós; porém, o seu amor por nós é sim algo sui generis; inefável e constrangedor.

É preciso finalizar com este contraponto: Deus ama a sua glória. E ele não a divide com ninguém. O louvor, principalmente do seu povo redimido, deve ser dado somente a Ele.

Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura. (Isaías 42.8)

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11.36)