Quando a maioria já se habituou a um estilo de vida pautado em muitas palavras, vozes e pouco silêncio e reflexão.
Vivemos num mundo que é violentamente barulhento. Privacidade, solitude e paz estão cada vez mais distantes de serem alcançadas, principalmente para quem vive no contexto urbano, onde a maioria das pessoas já se habituou a um estilo de vida pautado em muitas palavras, vozes e pouco silêncio e reflexão.
Na estressante rotina urbana, a impressão que se tem é que o tempo não passa, voa. E voa mesmo, infelizmente levando embora a nossa capacidade de viver em plenitude o “agora”. Não é que o cotidiano seja o vilão, o problema está na incapacidade do ser humano em fazer as escolhas certas, mesmo diante de grandes pressões.
Em termos práticos, é um começo evitar discussões em casa que podem ser resolvidas com uma palavra mais gentil e mansa. Esse tipo de atitude avança para os contextos de trabalho, vizinhança, redes sociais, etc. Em tempos de polarização política, evitar o assunto não significa omissão. Significa priorizar a saúde mental e emocional.
A arte de ficar em silêncio é habilidade de poucos numa sociedade viciada em opinião, julgamentos e contendas. Egos inflamados pelo orgulho são propensos a espalhar ódio, inveja e maledicência em todo lugar. E esse é mais um motivo para que cada um tenha muito cuidado com o momento certo e a maneira adequada de falar. Como se diz por aí: “não é o que se fala, mas como se fala”. Uma atenção especial ao que se diz pode significar mais longevidade e qualidade de vida.
É importante entender que nem tudo o que se pensa deve ser dito porque nem tudo o que vem à mente é proveitoso para melhorar a vida do outro. Existem palavras que podem ferir e magoar, opiniões que às vezes nem foram pedidas ou mesmo afirmações com base num preconceito que não lidam bem com a realidade abordada. Por conta destas e de outras variantes, em muitos casos, o melhor a se fazer é calar-se. A chance de se cometer uma injustiça por parte de quem fala tudo o que pensa é grande.
As pessoas que falam menos ganham paz para viverem bem. Mas não é só isso. Pessoas que falam menos correm menos risco de falhar em assuntos de que não se detém todas as informações necessárias para um adequado juízo de valor. Quando você silencia diante de uma situação ao qual não tem o domínio de todos os elementos e movimentos, você acaba ganhando por não se envolver num problema que provavelmente (quase que necessariamente) nem seja seu.
A Bíblia diz que “As palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem mais do que os gritos de quem governa entre tolos (Eclesiastes 9:17)”. É infinitamente melhor ouvir mais e falar menos, porque sempre há muito mais a se aprender do que ensinar. E com pouca sabedoria é a pessoa que acredita que deve emitir opinião sobre tudo ou que precisa responder todas as questões que chegam até ela, porque simplesmente não compensa. Vale considerar também que as pessoas que emitem opinião sobre tudo se expõem demasiadamente e isso pode se voltar contra elas no futuro.