Se sua comunidade da fé amadureceu para não se importar com a utilização desse adereço e você tem respaldo na família, que você aja conforme deseja 

 

Sabemos que a Bíblia não tem resposta objetiva para todas as perguntas pelo simples fato de que os avanços culturais possibilitaram novas práticas, novos costumes e novas linguagens que não poderiam, de forma alguma, serem contempladas como se a Escritura pudesse ser atualizada século após século.

No entanto, também vemos que a Bíblia possui sempre um caminho para o encontro de um entendimento sábio acerca de qualquer questão que a sociedade mais moderna possível possa ter. Se a Escritura não fala sobre tudo, a mesma pode responder tudo em princípios que atravessam todas as gerações. Em outras palavras, Deus se cala sobre muitos assuntos, mas Seus princípios falam contra ou a favor de qualquer cultura, em qualquer época da História.

É quando se levanta no seio evangélico a questão do ‘piercing’. É pecado usar? Talvez um estudo mais acurado da cultura hebraica pudesse dizer que os homens, por exemplo, jamais utilizaram tal adereço; logo, seria algo condenado por Jesus e os apóstolos. Outro ponto de vista poderia ir à linha do “certamente não temos uma negativa explícita na Escritura; logo é possível usar sem sofrer nenhuma condenação na própria consciência”. Seja qual for a linha de pensamento e interpretação do texto sagrado, podemos entender essa questão talvez não por algo pecaminoso, mas que atende a uma demanda sócio cultural que, provavelmente, um cristão não deveria atender.

A pergunta principal que cada cristão deve fazer em relação a usos e costumes é: “o nome de Deus receberá glória seu eu fizer ou usar isso?”. Se a resposta é “não”, significa que a pessoa já tem um precedente para evitar tal prática. Outra questão a ser levantada é: “os meus irmãos na fé conseguirão conviver de forma saudável comigo se eu usar isso, ou talvez essa prática trará um choque de culturas, ou de mentalidades?”. Muitas vezes, o melhor é evitar algo que vá escandalizar meu irmão, ainda que isso possa simbolizar certa privação de minha liberdade cristã.

A maturidade traz consigo um senso de pertencimento à comunidade da fé que nos move na direção de uma vida mais simples e menos “polemista”. Geralmente são adolescentes de consciência, idade e prática aqueles que buscam realizar algo desconsiderando as implicações diretas na unidade do Corpo.

Talvez você questione, dizendo: “Mas se Deus não proíbe, eu deveria deixar de usar porque um familiar meu ou irmão na fé se escandaliza? Não me parece razoável”. É bastante compreensível. Contudo, é parte de um processo de amadurecimento cristão evitar “vãs discussões”. Todo cristão que cresce no evangelho aprende a gastar suas energias com o Reino de Deus e com a salvação das pessoas para muito acima de qualquer questiúncula que possa se levantar na sociedade ou no ambiente eclesiástico.

Pelo Reino e pela Grande Comissão, todos devemos ceder ou nos privar de algo. Para haver mais glória para Cristo, precisamos todos declarar como o profeta João Batista: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30).

Existem muitas pessoas que ainda não ouviram o evangelho. Muitas que estão morrendo de fome e tantas outras que sofrem por perda de emprego e renda, ou lutam contra enfermidades mortais. Tem muita gente que não consegue nem acessar a ‘internet’ para curtir a foto ou debater se ‘piercing’ pode ser usado sendo um cristão ou não. É claro que temos de sempre considerar todas as questões que se fazem no seio da Igreja, porém nada disso pode ser um elemento distrativo para nenhum cristão.

Se sua comunidade da fé amadureceu para não se importar com a utilização de um adereço como este e você tem respaldo na família e sua motivação é glorificar ao nome de Deus, que você aja conforme a verdade que há em seu coração. Caso algum destes pontos estejam mal resolvidos, evite, para que nada te impeça de ser sal da terra e luz do mundo.