Há pessoas que não podem mais continuar em nossa rota de convivência, pois não há mais nenhuma convergência de propósitos, valores e visão de mundo.

 

Quem nunca se apegou emocionalmente a alguém, que atire a primeira pedra! Isso é tão comum que deveria ser filosófica e sociologicamente naturalizado na dinâmica de toda existência humana. Existir, de certa forma, implica também em passar pela experiência de uma espécie de apego emocional perigosamente exacerbado que pode passar por nossa história em pouco tempo ou pode perdurar demais.

Há pessoas que nós não queremos perder porque nos agregaram no passado em algum nível ou que ainda acreditamos que elas podem nos agregar algo de bom. E de fato tem gente que ainda vale a pena nós insistirmos numa continuidade da amizade; e isso pode ser aplicado a um relacionamento afetivo. No entanto, sabemos que definitivamente há pessoas que não podem mais continuar em nossa rota de convivência, pois não há mais nenhuma convergência de propósitos, valores e visão de mundo; nos cabe então tomarmos a decisão diante de tal dilema relacional.

O problema é que somos formados em uma cultura ocidental que sempre nos ensinou que as perdas são necessariamente negativas, e que “perder” é empobrecer em certo nível ou certo sentido. É como se tivéssemos algum “prejuízo” sempre que perdemos algo ou alguém. E isto não é uma verdade em todos os casos. Não mesmo.

Se uma pessoa não crê como você crê, não celebra as mesmas vitórias que você celebra e/ou não busca mais os ideais que você ainda busca, se há uma discrepância de “mundos”, se não conseguem mais fazer o que a Bíblia classifica como “andar juntos” porque não estão mais de acordo (Amós 3.3), o ideal a se fazer é utilizar essa opção drástica, mas necessária: deixe ir.

Deixar ir é redimir o outro de uma prisão emocional que o mesmo não deseja estar. Deixar é, sobretudo, é livrar a si mesmo do cativeiro emocional que o impede de progredir em diversas áreas da vida. Quando deixamos ir, abrimos espaço para um horizonte de possibilidades de novos encontros, novas amizades e, por que não, um novo amor. Se há tempo e condições favoráveis para perder gente, que se faça já!

E não, não é sempre algo ruim perder gente. Muitas vezes se faz necessário para o bem de ambos. Podemos dizer que pessoas que conseguem dar esse passo existencial o fazem porque já atingiram um grau importante de excelência no que tange à maturidade, uma vez em que conseguem viver emocionalmente independentes. Depender emocionalmente de alguém é algo bastante arriscado para quem deseja encontrar a felicidade pessoal.

Que seja essa a sua busca diária; que você busque a felicidade acima de relações que alimentam mais um sentimento saudosista em sua alma do que nutrem de fato a mesma para promover o bem e a vida em seu interior; e saiba que olhar para dentro de si e analisar o que deve ser melhorado é um exercício vital e estritamente necessário num novo mundo assolado por pandemia e uma série de eventos que minam a alma de tantos seres humanos em todo o mundo!

Seja você a pessoa que se ama o bastante para deixar ir quem deve ir, considerando que sua existência possa acolher todos aqueles que precisam chegar para somar em sua história, consequentemente em sua vida.