A ideia de união estável é positiva, mas falha em seu pressuposto, pois a essência desta lei é ajustar uma relação que já existe sem considerar a lei divina que determina o casamento como padrão normativo.

 

Você crê no evangelho da graça de Deus? Então você é um cristão. No entanto, ser cristão é algo mais que isso; é crer nas doutrinas de Cristo. A Palavra de Deus torna-se a bússola moral, relacional, existencial e espiritual de todo cristão, de modo que fica inviável quando este busca viver sem considerar tudo o que Deus quer que ele viva por meio da revelação das Escrituras. E quando falamos em vida, devemos observar que nossos relacionamentos entram em pauta. Com isso, uma nova pergunta surge aos solteiros: você pretende se casar? E aos que já vivem juntos: vocês são casados?

O casamento é uma aliança em Deus que o honra em todos os aspectos. É um compromisso público de amor, fidelidade e partilha, onde um homem e uma mulher se unem com o propósito de glorificar Seu Criador, mas também demonstrar sua glória na sociedade através de uma relação frutífera e exemplar. Logo, quando pensamos em casamento x união estável, temos de pensar não somente no que a lei brasileira diz sobre o assunto, mas no que a lei divina tem a dizer.

“Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher,e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem (Mateus 19.4-6). Jesus faz um trabalho hermenêutico importante nesse texto quando responde uma questão provocativa dos fariseus acerca do divórcio. Os inimigos do evangelho estão mais focados na separação do que na união. Mais: os inimigos do evangelho não estão prontos para construir um casamento forte e duradouro; por isso é que estão sempre especulando sobre as possibilidades mais banais de divórcio.

O Senhor quando diz sobre o tema enfatiza a glória do casamento: uma união estabelecida por Deus. É claro que muita gente não se casa dentro de uma consciência piedosa — e acaba tendo de arcar com as consequências —, só que o ponto é este: fomos criados para viver relacionamentos saudáveis e duradouros. A ideia de união estável é positiva, mas falha em seu pressuposto, pois a essência desta lei é ajustar uma relação que já existe sem considerar a lei divina que determina o casamento como padrão normativo.

Em uma união estável, a ideia é que direitos civis sejam reconhecidos para ambos, e nada mais. Contudo, o casamento vai além das questões legais no ambiente social, seu conceito gira em torno do propósito divino que inclui a aliança de um casal num formato público e que participa a igreja como testemunha desta união, bem como o documento específico deste tipo de relação e suas implicações e responsabilidades específicas previstas nas Escrituras e também no Código Civil Brasileiro. Resumindo: a união estável é como nadar quase na beira da praia, enquanto o casamento é como fazer um mergulho no fundo do mar.

Concluímos que o cristão não deveria considerar a união estável se existe em nosso sistema legal a possibilidade de se casar e obter todos os direitos e assumir todas as responsabilidades inerentes ao tipo de união. Aqui não tratamos do divórcio especificamente, nem de situações que possam tornar inviável a continuidade da união, porém sabemos da amplitude do tema e que muito mais coisas podemos refletir sobre; entretanto, o nosso propósito nesta reflexão é ponderar sobre a união que glorifica a Deus em comparação com um tipo de união que apenas satisfaz uma sociedade que já não se importa em liquidificar os relacionamentos. Que o povo de Deus difira do mundo neste aspecto.