Pessoas que agem de maneira provocativa, buscando “causar” através de vestimentas e comportamentos para chamar atenção.

 

O tema diz respeito a algumas observações sobre os relacionamentos interpessoais na igreja. Muitas pessoas se achegam a igreja agindo de maneira a trazer para si uma admiração especial. Sabemos que as Sagradas Escrituras nos ensinam que o centro das atenções em meio ao povo de Deus deve sempre ser Jesus. Entretanto, é importante ser cuidadoso nos julgamentos, pois tais pessoas podem, na verdade, estar sofrendo de Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH).

Os indivíduos que desenvolvem esta síndrome, em alguns casos, agem de maneira provocativa, buscando “causar” através de vestimentas e comportamentos diversos que visam chamar atenção, muitos também se colocam como submissos com a mesma intenção. Observamos muitos indivíduos vivendo uma vida de muito sofrimento, pois tal transtorno acaba por torná-los emocionalmente dependentes.

Atualmente já temos conhecimento suficiente para entender que as enfermidades emocionais não são motivos para que pessoas que sofrem com elas precisem ser retiradas do seio da igreja, antes precisam sim, terem uma atenção direcionada por parte dos líderes, não com o intuito de alimentar a doença, mas sim tratá-la. Vivemos diariamente em contato com pessoas que já foram identificadas na igreja com transtorno narcisista, borderline e também transtorno antissocial. O TPH também faz parte deste mesmo grupo de transtornos de personalidade, logo precisa ser cuidado para que mesmo não cause maiores desgostos. Pesquisas recentes apontam que cerca de três por cento da população sofre com o TPH.



Comportamentos, tais como: posicionamento dramático diante algumas situações e entusiasmo excessivo na busca de agradar os outros, flertar com várias pessoas, mesmo as que não lhes interessa, em diversos momentos até naqueles inapropriados, ficar incomodado em não ser o centro das atenções, deixar-se influenciar por pessoas e situações, preocupar-se demais com a aparência e agir de modo a pensar com muita intimidade com as pessoas, mesmo que esta intimidade seja mostrada apenas pelo seu comportamento invasivo e não autorizada por tais pessoas, podem determinar o desenvolvimento do Transtorno de Personalidade Histriônica.

Algumas pessoas tendem a confundir o TPH com Transtorno de Personalidade Narcisista, este, no entanto, leva as pessoas a sentirem um imenso desejo de serem admiradas em quanto o portador de TPH deseja apenas ser notado, mesmo que não seja por admiração, vale lembrar que muitos podem desenvolver os dois transtornos em conjunto.

Pessoas que sofrem com o TPH precisam procurar ajuda, pois esta enfermidade poderá trazer muito sofrimento. Dependência emocional, afastamento social pelo desejo de ter a atenção constante dos outros, abandono de amizades antigas para priorizar novas amizades, tendência a se posicionar como vítima, tentativa de controlar o parceiro através da sedução e manipulação emocional são alguns dos sofrimentos que certamente tal indivíduo irá ter que conviver.

O tratamento existe e deverá ser psicoterápico, a partir do diagnóstico de um médico psiquiatra. A negação está quase sempre presente nestes casos, na maioria das vezes a procura por tratamento se dá pelos sintomas de ansiedade e depressão desenvolvidos pelo avanço da doença.

Vale ressaltar que em um ambiente eclesiástico o tratamento pode contar com o apoio da fé que é, sem dúvida, um componente comprovadamente eficaz para a ajuda no acompanhamento de tais doenças. O texto de Cl 3.23 ensina que as esperanças e expectativas devem estar focadas Naquele que realmente se importa de como está vivendo o homem e não esperar atenção de outros indivíduos, que em muitos casos podem conviver com os mesmos ou alguns sofrimentos semelhantes. No Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu Lucas capítulo  8 versículos 45 e 46 mostra que não importa o mal pelo qual alguém está passando ou o quanto este alguém possa parecer invisível para outras pessoas Jesus identificará a sua necessidade no meio da multidão, basta tocá-lo com o coração contrito e com fé.




A igreja e a sua liderança devem desenvolver uma rede de apoio para estes irmãos identificados com tais comportamentos, fortalecendo o seu contato espiritual com Criador através da Palavra de Deus e também fazer o possível para  convencê-lo da necessidade de um acompanhamento terapêutico e se necessário medicamentoso, para que o mesmo possa ter uma vida abundante conforme a promessa bíblica Jo 10. 10b… “Eu vim para terem vida e a tenham com abundância.”.

A ciência ainda não tem certeza da origem deste mal, alguns cientistas atribuem o desenvolvimento dos sintomas a questões genéticas e a traumas causados pela influência do meio no qual o indivíduo foi criado. Entretanto, uma vida pautada na comunhão com Cristo certamente fará toda diferença na busca pela cura.

 

Pastor Israel Maia
Teólogo, Psicanalista, Escritor, Professor Universitário e Pastor Presidente da Assembleia de Deus em Iguaba Grande Ministério de Madureira.
Contato atendimento Rio de Janeiro (21)  99963-1664.

Foto de Czapp Árpád no Pexels