Legalização do aborto, das drogas, casamento gay são apenas alguns dos ideais propostos pelo pensamento de esquerda.

 

Talvez, esta seja uma dúvida real para muitos cristãos e também uma pergunta absurda para outro grande punhado. As pautas progressistas são muito variadas e compõem o espectro político ‘à esquerda’. Legalização do aborto, das drogas, casamento gay, políticas econômicas assistencialistas e oposição frontal ao conceito familiar oriundo da filosofia judaico-cristã são apenas alguns dos ideais propostos pelo pensamento de esquerda. Porém, pode-se verificar muitos conceitos positivos no pensamento progressista.

Por exemplo, o pensamento de que, por algumas cidades não conseguirem se desenvolver por si próprias, é bastante válido que o Estado aloque os recursos públicos e invista ativamente no desenvolvimento desta região. Caso contrário, a iniciativa privada dificilmente chegará lá, pois os interesses dos empresários geralmente são de âmbito individual e não coletivo. Outro exemplo é que o pensamento político da esquerda é mais simpático a um modelo de nação que valoriza a indústria nacional e o crescimento comercial da produção interna. Com isso, o próprio brasileiro é incentivado a adentrar o mercado com sua mão de obra, o que acaba como consequência gerando mais empregos. Na teoria isso é excelente, só que carece de ser aplicado sem a participação corrupta de muitos burocratas.

No entanto, é basilar a compreensão de que poucas das ideias progressistas se alinham à cosmovisão bíblica ou cristã, porque geralmente os proponentes destas filosofias são ateus ou mesmo céticos quanto à presença da espiritualidade na vida do sujeito. O melhor caminho para um cristão é buscar na Escritura a base para formar seu pensamento político. Assim, de alguma forma o indivíduo que busca viver segundo os princípios e valores do evangelho conseguirá identificar no progressismo e no conservadorismo algo bom, que certamente é fruto daquilo que chamamos na teologia de “graça comum”, que é a expressão da bondade de Deus ao capacitar homens caídos a produzirem no campo do saber e na própria existência humana informações e conhecimento que glorificam ao nome do Senhor e facilitam bem como melhoram a qualidade de vida neste mundo.

Ser totalmente de um espectro político ou de outro não é o melhor caminho. Aquele que têm Cristo como seu Senhor Soberano e Único, precisa submeter todo saber político humano à glória da revelação bíblica para que, assim, não incorra no pecado e possa se conduzir de forma equilibrada, madura e cheia de autoridade para fazer uso dos instrumentos da democracia vigente para promover a verdade e a paz entre o povo
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Em seu site, o missionário Christian Moreira cita uma passagem da bíblia para explicar que o cristão não deve dar de ombros para a política. “No Sermão da Montanha, disse Jesus: ‘Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa’ (Mt 5, 13-15). Ou seja, o cristão não pode dar de ombros para a realidade político-social, pois são chamados a ser sal e luz. De onde estiver, deve levar sabor ao que está insípido e dissipar as trevas com a luz emanada de Cristo. Um dos campos mais carentes dessa presença, seguramente, é o da política”, afirmou Christian.

O foco do cristão não deve ser só debater na internet sobre direita e esquerda, deve-se defender um projeto de Brasil que possa se sujeitar filosoficamente à Escritura. Visando um modo que as injustiças, desigualdades, corrupções e imoralidades republicanas sejam confrontadas com efetividade racional e competência política, para que a nação seja mais próspera, feliz e abençoada.

O missionário afirma em outra coluna em seu site que a Igreja deve comprometer-se com sua consciência política e sua vocação à santidade. “Se o voto do cristão, por desleixo, inconsequência, descompromisso ou pior, por corrupção, elegeu um corrupto que atuou contra os recursos da saúde, da educação, da segurança, que agiu contra a vida humana, que aliou-se aos que se esbravejam como inimigos de Cristo e da Igreja, ele tem uma parcela direta de responsabilidade. A Igreja deve se comprometer com sua consciência, com sua identidade e forma de vida, principalmente com o seu chamado, com sua vocação à santidade” completou.

Por Maycson Rodrigues e Milena Scheid
Foto: Getty Images