Não é de hoje que a Igreja do Senhor precisa lidar com os falsos mestres que ensinam o que Paulo denominou de “outro evangelho”.
R.C. Sproul disse certa vez que todas as heresias (falsas doutrinas) possuem origem cristológica, ou seja, nascem da doutrina acerca da natureza e obra de Cristo. Não é de hoje que a Igreja do Senhor precisa lidar com os falsos mestres que ensinam o que Paulo denominou de “outro evangelho”.
Há quem diga que Jesus é Deus e não é homem. Os autores desta heresia são chamados de docetistas ou marcionitas; eles afirmavam que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação teria sido apenas aparente. Há também quem afirme que Jesus é homem, mas não é Deus. Estes são conhecidos como humanitarianos; eles afirmam que Jesus era originariamente um mero homem, sendo elevado a uma posição superior no batismo, quando recebeu o poder do céu. Assim, Jesus para eles se tornou um depositário da divindade, de modo que não podia ser considerado essencialmente divino.
Não é de hoje que alguém tenta domesticar o Leão da Tribo de Judá. Contudo, todos que se engajaram neste empreendimento teológico, faliram. Outra ponderação importante é que este tipo de ambição não cessará no coração humano, que é mau. É preciso acostumar-se com os “odiadores”, que sempre farão esforços para fazê-lo caber em sua caixinha teológica, ideológica ou política. E alguns deles lutarão contra o Rei achando que estão militando por sua causa.
Jesus veio especialmente para os pobres, mas também veio para resgatar ricos. Ele quer empoderar a mulher e o homem, pois ambos caíram no Éden e, sem a sua mediação, são ambos indignos na presença de Deus. Cristo não tem problema com o capital – a não ser com a ganância dos poderosos que o detém –; entretanto, jamais terceirizará a redenção humana colocando nos ombros de políticos a responsabilidade de erradicar o sofrimento e todas as injustiças. E mais: ainda que Jesus tenha andado e comido com pecadores, isso nunca lhe impediu de dizer a eles: “vá e não peques mais”. Ele veio para todas as gentes, de todas as classes sociais, todas as cores e todos os sexos, de todas as etnias e nunca poderá ser impedido ou controlado por nenhum teólogo ou cristão. Ele não se dobra a nenhum pensamento do homem caído. Ele é o que é: Jesus Cristo, o Senhor.
Não se pode domar o Deus que morreu como um Cordeiro, mas ressuscitou como um Leão. Ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, aquele que pode salvar e condenar, o único vencedor sobre o pecado e a morte. Ele é tudo em todo aquele que n’Ele confia para a salvação. O rei soberano que vindicará a Sua glória sobre o mundo. E este dia está chegando.
O teólogo B. B. Warfield afirma em um de seus livros “A Doutrina Bíblica da Trindade” que Jesus se proclamava alternadamente divino e humano. “As manifestações de uma consciência tanto humana como divina simplesmente ficam lado a lado nas declarações da auto expressão de Jesus. Nenhuma é suprimida ou mesmo limitada pela outra. Se observar só um grupo de declarações, podem supor que ele se proclamava inteiramente divino; se só o outro grupo, podem igualmente imaginar que Ele se apresentava como alguém inteiramente humano. Com ambos os lados juntos, percebe-se que fala alternadamente de uma consciência divina e de uma consciência humana; manifesta-se como tudo que Deus é, e tudo que o homem é; mas com uma unidade de consciência muito notável. Ele, o único Jesus Cristo, era na sua própria compreensão o verdadeiro Deus e o homem completo numa vida unida e pessoal”, explica o autor.
Por Milena Scheid
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