Confira o testemunho impactante da cantora Midian Lima em entrevista ao Jornal Regional Evangélico

Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br

A equipe de reportagem do JRE aproveitou a passagem de Midian Lima na Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz para conhecer mais sobre a cantora. Na entrevista, ela contou detalhes sobre o acidente que sofreu com a família, falou das experiências que viveu com Deus e sobre a história da sua vida e ministério.

Midian Lima tem 30 anos e é mãe de três filhos: Samuel, de 10 anos, Eliel Filho, de 4, e Felipe, de 1 ano. Casada com o pastor Eliel Lima, Midian e sua a família congregam na Igreja Vitória em Cristo, filial de Jacarepaguá. Na entrevista, ela ainda deixou dicas importantes sobre criação de filhos. Confira.

JRE: Como foi o acidente de trânsito que você sofreu?
Midian Lima: Nós sofremos um acidente de carro na Estrada do Mendanha, no bairro de Campo Grande, aqui mesmo no Rio de Janeiro. Nós estávamos a 70km por hora, porque faríamos um retorno, quando meu esposo disse pra mim: “Meu bem tem um carro cortando todo mundo aí atrás, eu vou chegar um pouco para o canto pra ele não esbarrar na gente”. E eu disse: “Faça isso em nome de Jesus”. Foram as nossas últimas palavras. Quando ele jogou para a esquerda, o carro passou voado, mas a nossa roda traseira acabou batendo no canteiro de concreto. Então o carro subiu, capotou quatro vezes para o outro lado da rua e parou de cabeça pra baixo. Meu esposo desmaiou na hora, o banco dele foi pra frente, e ele sangrava muito. Eu pensei que ele estava morto. Eu sofri uma fratura no pé, o Samuel ficou preso também e o Elielzinho ficou sumido dentro do carro. Ele estava completando 9 meses naquele dia, 11 de março de 2015, ele foi parar em baixo do banco, fraturou a clavícula, teve um trauma na cabeça do lado esquerdo, chorava muito, vomitava verde demais. Graças a Deus o socorro chegou em 5 minutos, e o hospital que nos levaram era pertinho, Hospital Rocha Faria. Ali começou toda a nossa dor, o médico deu 6 horas de vida para o Elielzinho. Nós fomos transferidos para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, e ali eu passei seis dias de luta. Eu já tinha sido desenganada pelo Neurologista daquela UTI, mas a igreja orou e Deus refez a cabeça do meu filho, Deus fez o trauma retroceder. Deus fez esse milagre e no sexto dia uma médica veio ver a gente e nos deu alta dizendo que ele não tinha mais nada e que não teria nada. Sendo que o último médico havia me dito que o meu filho teria o lado esquerdo paralisado, que ele não seria uma criança perfeita, que ele não andaria. Mas Deus fez um milagre na minha casa e depois do milagre, Deus fez o CD Milagre.

JRE: Que lições você tirou dessa experiência?
Midian Lima: Com o acidente eu aprendi com Deus muitas coisas, mas tem uma especial, porque cada um tem uma experiência com Deus no tempo devido, vai ter um tempo em que ele vai te pegar e que ele precisa te usar. O que mais me marcou nesse acidente foi a ouvir a voz de Deus de uma forma diferenciada. Desde criança eu ouvia que Deus tinha uma obra na minha vida. Mas dessa vez Deus falou diferente. Foi uma experiência minha e de Deus. Eu aprendi no acidente que Deus só queria a mim, tudo que eu dizia não, no acidente eu disse sim. Porque o que estava em jogo era a coisa mais preciosa da minha vida, que era a vida do meu filho. Então Deus me mostrou de uma forma muito clara e muito perto que foi o que ele sentiu por mim, que foi entregar seu filho. E deus falou você tem coragem de fazer por mim o que eu fiz por você? E eu disse pra Deus, o senhor é top, eu não dou conta não. Ele disse então aceita o meu chamado, e eu aceitei o chamado de Deus, cresci muito, aprendi muito, eu sei hoje quem são os meus amigos de verdade, eu vejo pessoas com outros olhos, eu consigo ter muito mais compaixão e valorizar mais a dor do próximo hoje.

JRE: E o CD Milagre teve uma rápida repercussão, estourou nas rádios poucos meses depois de lançado. Como foi sair do anonimato assim tão de repente?
Midian Lima: No meu entendimento tudo é a história que você tem com Deus. Não é apenas uma canção, é a unção da história que você tem com Deus. E eu me casei muito nova, eu sou esposa de pastor, é uma vida de entrega, de sacrifício desde criança, eu creio que Deus foi trazendo o peso do respaldo da glória dele pra esse tempo, que com certeza é o tempo que ele estabeleceu para a vida de algumas pessoas, porque a forma como as canções tem alcançado crianças, adolescentes, jovens, anciões, é realmente espantoso. Não é um disco que abrange uma classe, graças a Deus ele escolheu esse disco para tocar o coração de diversas classes, isso pra mim tem sido de uma alegria muito grande. Eu creio que não é a repercussão de um bom trabalho, também conta, uma boa produção, bom back, boa banda, mas eu creio que é a unção da história, da trajetória, do caminho.

Como você disse anteriormente a trajetória do cristão é árdua, teve algum momento da sua vida em que você pensou em parar de cantar?
Muitas vezes. Porque quando nós estamos passando por momentos de pressão, de luta, o primeiro pensamento, que não é só meu, mas de todos nós, é desistir. Porque se a gente desistir a sensação é que vai parar a dor, vai parar o sofrimento, mas a gente se engana. Porque Deus nos chama da forma que estamos para aperfeiçoar em nós a obra e eu já tive vontade de desistir muitas vezes, as circunstâncias são muitas, as lutas são muitas, as oposições são muitas, e eu não estou falando de pessoas, eu estou falando do inferno, o nosso maior inimigo é o diabo luta 24h para tentar nos fazer desistir. Mas o bom disso tudo é que em cada luta que a gente vence, é uma vitória que a gente ganha, é uma experiência que a gente tem com Deus. Então eu posso te dizer que depois de todas essas vezes que eu tive vontade de desistir eu me tornei mais forte.




Falando sobre criação de filhos, criar um filho nos dias atuais não é fácil, como você dá conta de três?

A nossa geração de mulheres, é uma geração “mais fraca” em relação a criação de filhos, minha avó teve 10 filhos. Minha mãe conta que os partos da minha avó foram todos em casa. As mulheres da geração passada, nossas mães e avós eram muito fortes. Com se aguenta: parto em casa, faz tudo depois, cuida da casa, dos outros filhos. Esses dias no meu cansaço de viajar, de ministrar, de cuidar deles, porque eu gosto demais de cuidar deles. E a gente tem que ter muito cuidado com a nossa correria para a gente não terceirizar, porque se terceirizar demais as crianças ficam com poucas memórias a seu respeito de nós. E eu tenho orado por isso, para os meus filhos terem boas memórias ao meu respeito. Até hoje eu lembro do cheirinho da comida da minha mãe, o cheirinho do corpo, do cabelo da minha mãe. Então a gente tem que tomar cuidado com isso porque a mulher trabalha, rala pra caramba, hoje em dias os papeis estão meio invertidos, antigamente a mulher estava mais na beira do fogão, cuidando da casa, dos filhos, da família, mas hoje elas estão mais na rua. E não deixa de fazer as coisas em casa. Tem sido difícil para mim, mas eu tenho me espelhado nas mulheres da geração passada. Como essas mulheres faziam para dar conta de tudo? Eu perguntei esses dias para minha sogra, como a senhora dava conta? Ela me disse: Eu não sei, eu só sei que eu acordava às 6h e dormia meia noite. É muito cansaço, trabalho árduo, tem dia que você acorda achando que não vai dar conta de chegar as 17h. Eu faço tudo na minha casa, eu gosto de fazer, eu tenho essa característica da minha mãe mesmo do serviço do lar. Não é fácil, mas não é impossível.

Também é obrigação da mãe educar os filhos a luz da Palavra de Deus, essa obrigação não é da escola, não é da igreja, é dos pais. Como você faz no dia a dia?
Eu costumo dizer que os nossos filhos são os nossos primeiros discípulos. Não adianta o exemplo ensina mais que palavras. Eu oro com eles, eu leio a Palavra com eles, o de 10 anos está bem mais entendido, então eu coloco ele para ler livros da Bíblia, e depois eu leio de novo com ele para explicar. Nós acabamos a poucos dias o livro de João, que é o livro do amor. Ele sempre volta nesse livro para lembrar. Para o meu menor eu conto historinha, oro com eles. Isso é preparar o filho para o mundo, e esse tempo em que nós estamos vivendo está muito difícil, tudo muito deturpado. Os filhos nessa idade eles acreditam nos pais. Mas a partir dos 10 anos, eles vão acreditar no professor, nos amigos, todos os que estão lá fora. E para isso eles precisam estar formados de caráter de identidade para que a formação de fora não seja mais forte que a criação que vem de dentro do lar, do pai e da mãe.