No início de setembro, mais de 1.500 famílias nigerianas cruzaram a fronteira da Nigéria em direção a Camarões. Segundo o IRIN, serviço de notícias das Nações Unidas sobre assuntos humanitários, 43 mil nigerianos foram para Camarões no ano passado. A maioria dos que chegam são mulheres e crianças que caminharam durante muitos dias com os bens que conseguiram carregar. Quando alcançam o seu destino, todos já estão famintos, exaustos, e doentes – há um grande índice de infecções respiratórias entre as crianças.
Os refugiados contam que os rebeldes roubam tudo antes de queimarem as casas. Lydia Ali disse ao IRIN: “A vida está sem esperança. Minha comunidade agora está nas mãos do Boko Haram. Pessoas fugiram e algumas delas foram mortas, enquanto outras foram capturadas. Nós nos sentimos mais seguros em Camarões”.
Representantes da Instituição Portas Abertas visitaram o campo Minawao, que abriga esses refugiados nigerianos. Não é a primeira vez que colaboradores do ministério se reúnem com essas pessoas. No último ano, a Portas Abertas promoveu o seminário Permanecendo Firme Através da Tempestade para os cristãos no campo de refugiados.
A população do campo Minawao tem agora mais do que o dobro de pessoas. Desde a última vez que a Portas Abertas esteve no local, o número de nigerianos aumentou para 15.700 pessoas, entre elas refugiados centro-africanos. O constante crescimento da população em busca de refúgio tem provocado uma grande dificuldade. Mahamat Alhidi, o planejador do campo disse ao IRIN que há uma necessidade urgente de mais tendas, banheiros e torneiras.
Durante a visita da Portas Abertas, os colaboradores puderam ver uma longa linha de contêineres de plástico esperando por uma torneira. Judith Yagane explicou: “Nós não temos recebido água há dias. Temos apenas um pouco para beber a cada dia, mas não é o suficiente para todas as nossas necessidades.”
Também não há comida suficiente. “Todos os meses, os refugiados recebem de 6 a 7 medidas de cereal e isso é tudo – sem feijão, sardinhas ou óleo, e nem mesmo sabão para saneamento. Eles testificaram que nenhuma das famílias pode sobreviver com essa provisão por mais de duas semanas.”
Os refugiados também lidam com problemas de saúde. “Muitas pessoas não têm um lugar coberto ou seco para dormir. A noite é muito fria e o solo é úmido. Muitas pessoas têm adoecido. Há também casos de cólera.”
James Naga, um refugiado e líder da comunidade cristã no campo, afirmou: “A maioria de nós perdeu as casas que estávamos construindo por décadas e viemos para um lugar onde não é possível prover sustento para nossa família. Isso é muito frustrante para os homens, em particular.”
Os colaboradores da Portas Abertas permaneceram algum tempo com os cristãos deslocados, para lembrá-los que eles não estão esquecidos. O empenho de um pastor local para com esses refugiados serviu de inspiração para a atuação da Portas Abertas. Quando Lucas foi enviado para lá por sua denominação, ele decidiu abrir mão do conforto de sua própria casa para ficar ao lado de quem havia perdido tudo por causa da violência. Existem cerca de três mil cristãos que se reúnem para adorar em três abrigos improvisados, que oferecem a eles um pouco de sombra durante do dia, mas pouca proteção contra a chuva.
Nossos irmãos expressaram sua gratidão pela visita. Eles testificaram que quando veem pessoas vindas de longe para estar com eles e confortá-los, isso lhes dá coragem e força para prosseguir na fé.
No fim da visita, eles insistiram para que os colaboradores da Portas Abertas participassem de uma refeição com eles. “Sabendo quão escassos eram os alimentos que eles tinham, nós não queríamos aceitar o convite deles. Mas eles insistiram e então nós tivemos uma refeição amistosa em gratidão e unidade”, contou um dos voluntários.