Para muitos “líderes” religiosos na atualidade, a “religião cristã” não passa de manifestações puramente emocionais, movidas por jargões batidos
Os líderes religiosos, em diferentes momentos da história, e por muitas vezes, serviram de farol para muitas pessoas, ajudando muitos a se situar em momentos caóticos e turbulentos.
Com tal responsabilidade, era de se esperar que os mesmos detivessem conhecimentos que superassem o conhecimento de seus liderados, justificando o seu papel. Conhecimento esse, que os ajudariam a entender alguns dos acontecimentos e fatos que envolvem a vida humana, de maneira a se situar em todo o caos de nosso mundo, tomando conhecimento das ideias que nos trouxeram até aqui, e que foram a base para todas as transformações que geraram todo o caos do mundo que nós conhecemos. Conhecimento: isso é o mínimo que se pode esperar de alguém que se intitula “líder”, e isso é mais importante ainda quando se trata do líder religioso. Mas não é isso que vemos em nossa realidade.
Se é muito esperar que os líderes religiosos tenham conhecimento de outros saberes que, segundo sua perspectiva, fogem de “sua alçada”, deve ser razoável esperar que os mesmos tenham um conhecimento profundo daquilo que pensam ser sua matéria de estudo: bíblia e teologia, – para não falar sobre a filosofia, que tanto dialoga com conceitos e ideias teológicas. Mas, é fácil perceber que, nem a bíblia, livro texto básico para a religião cristã, muitos líderes atuais não têm lido, muito menos, estudado com afinco.
É fácil perceber que, para muitos “líderes” religiosos na atualidade, a “religião cristã” não passa de manifestações puramente emocionais, movidas por jargões batidos, utilizados para mexer com a emoção dos símplices, que confundem tais emocionalismos com manifestações espirituais, o que é amplamente explorado por tais líderes, onde, muitos dos tais, fazem isso por ignorância, entendendo que tais emocionalismos são manifestações espirituais reais, e outros, com pleno conhecimento de seu erro, utilizam a ignorância das pessoas para as controlar à sua vontade, se revelando como verdadeiros lobos.
Muitos desses líderes, por maldade ou ignorância, jogam e brincam com a religiosidade das pessoas, propondo um tipo de fé que não é nem de longe o tipo de fé proposta pelo cristianismo, propondo à pessoas simples uma fé baseada em emocionalismo, um tipo de espiritualidade falsa e enganosa, que apresenta um Deus que parece ansiar por servir e exaltar o homem no lugar de ser servido e exaltado por ele.
Em um mundo tão caótico, onde muitos buscam refúgio, consolo, direção, e o caminho que a verdadeira fé cristã propõe, muitos líderes religiosos têm oferecido uma “fé” rasa, capenga, que não tem e nem traz efeito duradouro e permanente. Uma “fé” baseada em jargões, palavras e frases de efeito e sentimentalismo. Uma “fé” que não se baseia nos princípios bíblicos, mas em “conhecimentos” e “sabedoria” populares, que não vai além do senso comum e não tem profundidade.
Muitos desses “líderes” não vêem como necessário ter conhecimento profundo da fé que se professa, muito menos sobre conhecimentos e assuntos que regem o mundo e suas concepções filosóficas e metafísicas.
Assim, para muitos desses “líderes”, a bíblia é vista com grande teor de misticismo, ao invés de ser tomada como um conjunto de princípios para serem aplicados na vida cotidiana, e para o aprimoramento espiritual, tanto dele quanto de seus liderados. A teologia é deixada de lado, até mesmo banida e vista com maus olhos em muitas congregações cristãs. A filosofia, que foi de grande ajuda na formulação das doutrinas cristãs, é muitas vezes demonizada, abandonada, e relegada ao limbo.
Assim, com a falta de conhecimento e instrução daqueles que se denominam “líderes”, quem sofre são os liderados que, a procura de alguém que tenha compreensão da situação na qual o mundo se encontra e que os ajude a caminhar pelo caminho correto, encontram cegos guiando outros cegos, que andam distraídos e despreocupados ao lado de um grande precipício, onde lobos buscam empurrá-los ladeira à baixo.
Wanderson R. Monteiro
Formado em Teologia, coautor de 4 livros e vencedor de três prêmios literários.
dudu.slimpac2017@hotmail.com