Essa é uma questão que exige dos cristãos uma reflexão maior e mais profunda sobre como o Reino de Deus enxerga esta parcela da sociedade
No último mês foi celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex). E essa é uma questão que ganha cada vez mais destaque na mídia e por isso exige dos cristãos uma reflexão maior e mais profunda sobre como o Reino de Deus enxerga esta parcela da sociedade que está ativa no mundo à procura de direitos civis, conquistas sociais e legitimidade nas diversas esferas existenciais.
O chamado de todo cristão em Deus é levar a oferta do evangelho a todas as pessoas, principalmente as que ainda não ouviram. E se há um homossexual que não ouviu o evangelho, mais importante do que debater com ele sobre a ordem genética de sua condição social é apresentar-lhe Cristo e este crucificado para a sua redenção. Quando pregam “você é um pecador”, não significa que a fala está errada, mas o cristão estará agindo com parcialidade no discurso. O certo é dizer a toda gente: “todos somos pecadores!”, esta seria uma afirmação mais honesta.
Existe uma discussão teológica muito grande em torno da existência de fiéis homossexuais. O pastor Ricardo Barbosa, da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, um experiente conselheiro de casais cristãos, resume bem a questão: “Ouvi de um rapaz que foi homossexual praticante durante muito tempo que nós afirmamos que a graça de Deus basta, que Deus ama o pecador. Cantamos para que eles venham como estão. Mas não no caso dos gays. No caso dos gays, pedimos que mudem primeiro. A Igreja deve manter o mesmo convite para todos, para que todos possam caminhar em direção à vida que Cristo nos oferece. A Igreja precisa se preparar para isso”.
Para o teólogo e escritor Richard Foster, não se trata de uma conversa fácil e, nessa arena, muitos lutam com as armas de que dispõem em favor daquilo em que acreditam. “Pastores surgem na televisão, inflamados, amaldiçoando a homossexualidade como o pecado sem perdão. Ativistas gays, por outro lado, combatem a postura das igrejas, na tentativa de amordaçá-las e impedi-las, por via legal, de ensinar o que as Escrituras Sagradas estabelecem a respeito do assunto. A homossexualidade é um problema tão difícil de tratar dentro da comunidade cristã que tudo o que for dito será severamente criticado”, afirmou o teólogo.
Os evangélicos deveriam ser os portadores da maior notícia desta vida. O Espírito Santo convence as pessoas pela pregação. O problema é que se criou uma faixa de Gaza imaginária onde de um lado ficam os preconceituosos e do outro os magoados com o preconceito, enquanto o evangelho fica de fora. O evangelho é o poder de Deus para salvar pecadores e é poderoso para desfazer as maiores inimizades.
Não existe a necessidade de julgar as pessoas ou condená-las; no entanto, a igreja não foi chamada para adulterar o evangelho para que possa caber no coração de quem ainda não recebeu o Cristo. Se tão somente trocar o discurso moralista pelo anúncio das glórias de Jesus no mundo através do seu sacrifício vicário e de sua ressurreição corporal, certamente – e mesmo que não tenha muitos resultados numéricos – é a vontade de Deus, que se consiste em ser conhecido dos ouvidos de toda criatura.
Por Maycscon Rodrigues e Milena Scheid
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