Missª Samira Santos concede entrevista sobre a criação de filhos pelas famílias do século XXI
Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br
“Maternidade com louvor; criando filhos para Deus” é o título do livro de sucesso escrito pela missionária Samira Santos, que trata de assuntos relevantes sobre a criação de filhos pelas famílias do século XXI. Samira Santos é formada em Letras e Teologia, e possui pós-graduação nas áreas de Psicopedagogia e Exegese Bíblica, além de escritora, ela é pregadora e palestrante. Mãe de três filhos, a missionária Samira Santos auxilia o esposo, pastor Suimar Caetano, na direção da igreja Assembleia de Deus Ministério Missão em Ceará Mirim-RN. Na entrevista que concedeu ao Jornal Regional Evangélico (JRE), ela fala sobre os maiores erros que os pais cometem na criação dos filhos, ensina a melhor forma de corrigir os pequenos e orienta os pais a ajudarem as crianças a desenvolverem um relacionamento íntimo com Deus. Confira!
JRE: Quais são os principais temas abordados em seu livro?
Missª Samira Santos: Primeiro, eu contextualizo o livro mostrando o papel da mulher no século XXI e a adversidade de papéis que ela exerce, porém vou elencar a maternidade à luz do Antigo e do Novo Testamento. Em segundo lugar, eu vou mostrar as filosofias da Pós-Modernidade e como elas vêm de encontro aos valores cristãos. E a mulher no papel da maternidade se torna parceira de Deus na construção de filhos que de fato professem a fé fundamentados; de modo que quando cheguem à adolescência e à juventude, eles já tenham realmente resolvida a sua questão de fé, e não entrem em crise ou saiam da igreja, porque geralmente é isso que acontece.
JRE: Qual a melhor forma de corrigir uma criança pequena?
Missª Samira Santos: Nós estamos saindo de uma geração em que os pais foram até um pouco abusivos quanto à questão da disciplina. A disciplina deve ser corretiva, ela não pode ser uma disciplina que mutile a criança, ou venha castrar a sua autonomia. Apenas que forme e redirecione o foco. O comportamento da criança precisa ser norteado para bons princípios e a geração dos meus pais, por exemplo, foi uma geração bem rigorosa quanto a isso. Eu louvo a Deus porque, na verdade, eles também foram bons formadores. Veio uma segunda geração que ficou meio que alérgica a esse padrão, eles não souberam utilizar o equilíbrio, eles passaram para o outro extremo, eles foram permissivos demais. Sem contar o agravante que a mulher, no final do século de XVIII, início do século XIX, já vem tendo a oportunidade de potencializar as suas habilidades extra lar. E com a imersão da mulher no mercado de trabalho, a ausência da mãe se tornou realmente muito forte e, muitas vezes, para compensar essa ausência, os pais são mais permissivos, dão muitos brinquedos, e ficam tolerando coisas que não podem ser toleradas. Eu não sou contra a mulher ir atrás de suas conquistas profissionais, eu também sou uma profissional, eu digo que a mulher precisa ter um tempo de qualidade com o filho e, nesse tempo, ela precisa ser mãe e não amiga. A mãe precisa ser formadora, ser coerente com os princípios divinos, porque na primeira infância é onde ela coloca toda a base da criança. E quando chega à pré-adolescência, ela vai só reorientando. E o vínculo de afetividade tem que estar muito fortalecido, não pode haver ruptura aí.
JRE: Mas na prática, como deve ser a correção? Com vara, chinelo, mão?
Missª Samira Santos: Eu não sou a favor de gritos, eu acho que os gritos intimidam demais e também estimulam o comportamento violento na criança. A mãe precisa ser firme e ser terna. Existem dois lugares que normalmente a gente pode dar uma palmada muito de leve, muito discreta; na panturrilha e no bumbum. Uma orientação importante é que a criança deve ser corrigida no colo. E sempre diga para ela o motivo pelo qual ela está sendo corrigida. Quando a criança não sabe porque está apanhando, ela entra num conflito emocional muito grande. Agora, eu consigo comandar alguns comportamentos da minha neta de quatro anos só olhando nos olhos e falando firme. Apenas entonando a voz, ela já sabe que a vovó está colocando limites. Quando a mãe aprende a colocar limites só com agressividade, ela na verdade rende a criança, mas não forma. Então eu não sou muito a favor da palmada, eu sou mais a favor de falar olhando firme. Se a mãe disser sim, trate de realizar o sim. Se ela disser não, sustente o não e não se desgaste pela pressão infantil.
Quais são os maiores erros que os pais cometem na criação dos filhos?
A primeira coisa é quando a criança nasce e é chamada de príncipe ou de princesa. Se isso fosse eventualmente um termo carinhoso tudo bem, mas a criança vai internalizando essa ideia, e começa a reinar desde cedo. Daqui a pouco está comando os pais. Aí o principezinho de cinco anos faz birra e acaba fazendo o pai ceder a um capricho. Segunda coisa, achar que tem que dar tudo o que a criança quer. Criança não precisa de tudo, criança precisa de um pai e de uma mãe que a ame, que a forme. Não são os sins que formam uma criança, mas os nãos. A pedagogia de Deus foi assim, Ele deu vários sins no Éden, e deu um não. Aquele não foi formador de obediência. Então não se pode dar tudo o que a criança quer, mas deve-se investir no que ela precisa: de cuidado, de correção, de afetividade, de firmeza.
E o que não pode faltar na rotina de uma criança?
Companheirismo e tempo de qualidade. E principalmente a relação dos pais com Deus, porque criar os filhos sem Deus é balela, não se cria. Mas com Deus você pode, porque você tem Deus como o seu maior aliado nessa construção.