“Hoje a gente sofre maior monitoramento e perseguição do que antes, por isso a gente conta com o apoio de todos”, diz Homero Aziz
O JRE entrevistou o pastor Homero Aziz, missionário brasileiro que atua desde 2014 com projetos evangelísticos e sociais na Jordânia. Ele é presidente internacional da MAIS (Missão em Apoio a Igreja Sofredora) e vive com sua família em Fuheis, um vilarejo cristão próximo a Amã, na Jordânia, Oriente Médio. Os projetos têm como objetivo socorrer cristãos perseguidos e a comunidade carente em que vivem, que em sua maioria são refugiados iraquianos e sírios de diferentes grupos étnicos e religiosos. Suas áreas de atuação são: ajuda humanitária, desenvolvimento comunitário, treinamento e acolhimento. Durante a pandemia do coronavírus, e enfrentando uma das quarentenas mais rígidas do mundo, as dificuldades na realização do trabalho aumentaram muito. Confira a entrevista.
JRE: Como está a situação da Jordânia neste momento de pandemia?
Pr. Homero Aziz: O país já está entrando na décima segunda semana de uma quarentena rigorosa, em que a lei marcial foi implementada cheia de restrições para a população, em nível geral e isso levou a igreja e todos os outros projetos a serem paralisados. A gente consegue fazer coisas que pode desenvolver de casa em casa, porque há restrição de não reunião de mais de 10 pessoas no mesmo ambiente e também a gente tem enfrentado todos os riscos de um controle maior da autoridades e até das comunidades mais fundamentalistas islâmicas, porque com as implementações dessas leis, as autoridades locais e os grupos que influenciam essas autoridades, em sua maioria religiosos, passaram a deter maior controle e monitoramento de todo tipo de atividade que acontece no país, inclusive a atividade evangelística. Então hoje a gente sofre maior monitoramento e perseguição do que antes, por isso a gente conta com o apoio de todos.
JRE: Fale um pouco dos projetos realizados lá?
Pr. Homero Aziz: Hoje nós temos 12 projetos na região, começamos aqui na Jordânia com atuação na área de desenvolvimento comunitário. Temos uma clínica que chamamos Clínica da Esperança, que é uma clínica médica odontológica, acupuntura, fisioterapia e um salão para fitness. Um centro comunitário com uma cooperativa para mulheres com projeto de geração de renda que elas aprendem cursos profissionalizantes na área de culinária, de maquiagem, de corte e costura, crochê e habilidades manuais. Todos os produtos e serviços prestados, os lucros que são gerados nós partilhamos entre as beneficiadas.
Nesse centro comunitário, temos um projeto de reciclagem e uma escolinha de futebol, que se estendeu para o Egito. A Clínica da Esperança também foi estendida para a Síria e hoje temos uma clínica odontológica em Damasco. Também temos em Damasco um centro comunitário com cursos profissionalizantes e uma empresa de foto e filmagem.
A gente tem aqui na Jordânia também um projeto de ajuda humanitária, que distribuímos cestas básicas, roupas e todos os itens que a gente recebe de doações. Já recebemos mais de oito contêineres de vários lugares do mundo, principalmente da China e a gente distribui para nossa rede de refugiados que atendemos. Hoje são mais de cinco mil famílias cadastradas no programa, por volta de 20 mil pessoas, em sua maioria, sírios, iraquianos, jordanianos e egípcios. Além disso, temos ainda uma casa refúgio para acolher cristãos perseguidos por causa de sua fé.
JRE: Algum projeto voltado para crianças?
Pr. Homero Aziz: Temos o projeto Rahwa Kids, com crianças refugiadas entre 4 e 14 anos. São 30 crianças refugiadas num sistema de educação que elas aprendem árabe, inglês, matemática, ciências, jardinagem, habilidades manuais, a gente tem esportes e várias atividades inclusive bíblicas para elas.
Quais são as maiores dificuldades?
Há oportunidade aqui de um trabalho muito mais efetivo e ativo com a comunidade, há certa liberdade para o desenvolvimento dos nossos projetos e por causa disso a gente tem tido muitos frutos. Já são mais de 130 batismos e cerca de 30 muçulmanos convertidos, mas a gente tem muitos outros que não foram batizados e várias pessoas que passaram pela nossa igreja e não foram batizados porque não houve a necessidade, já eram cristãos refugiados. Hoje a nossa igreja que começou com 60 membros, tem por volta de 450 e a gente tem culto todos os dias. A gente enfrenta uma luta financeira muito grande, evidentemente por causa do coronavírus a situação se agravou, hoje para manter os projetos a gente precisa ter por volta de 14 mil dólares por mês, um valor de aproximado de 100 mil reais por mês para manter tudo isso que a gente faz aqui. Então gente precisa de orações, obreiros e de recursos.
Quantas pessoas trabalham com o senhor na Jordânia?
Nesses últimos seis anos a gente realiza vários eventos com a comunidade junto com os voluntários. A gente foi montando uma equipe, começou eu e a minha esposa e hoje nós somos quase 40 obreiros, entre árabes e estrangeiros servindo em tempo integral no ministério. Hoje o ministério cresceu bastante, a gente tem como base o trabalho da MAIS, entretanto como família somos conhecidos por causa desse ministério familiar que é chamado de Família Aziz.
Como alguém pode ajudar o seu trabalho?
Existem várias maneiras, primeiro através das orações. Segundo, contribuições. A gente está num momento de crise muito peculiar por causa da situação do coronavírus, em que além das doações terem caído, a gente tem também uma diminuição dos valores que chegam aqui por causa do alto câmbio. Então a gente precisa de apoio nesse momento, boa parte das nossas ofertas vem do Brasil, o que torna a situação muito difícil para nós. E por fim, nós podemos receber voluntários, porque a gente tem o programa de voluntariado, quem quiser vir servir conosco, seja por algumas semanas, por alguns meses, ou até como voluntário de médio prazo, até dois anos. E quem sabe como missionário de longo prazo, acima de dois anos. Estamos de portas abertas para receber pessoas que queiram nos apoiar.
Mais informações do ministério e da organização MAIS:
Facebook.com/familiaaziz
Instagram.com/familiaaziz
Youtube.com/familiaaziz
Para contribuir financeiramente com os projetos:
Bradesco
AG 2959-9
Conta 13463-5
CNPJ 31666208.0001-78
Associação Missionária Família Aziz
Notas sobre o entrevistado:
O pastor Homero possui bacharelado em Letras-Tradutor com habilitação e licenciatura em inglês, português e francês pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Sua esposa Débora possui bacharelado na Universidade Ibirapuera e pós-graduação no Instituto Gama Filho na área de Educação Física. Ambos são formados em Teologia com concentração em Missiologia pelo Seminário Teológico do Betel Brasileiro.
Por Milena Scheid
