A justiça humana é falha, parcial, corrompível e muitas vezes mesquinha. Diferente da justiça de Deus, que é leal, reta, infalível e principalmente misericordiosa.

 

Vez ou outra, crimes bárbaros interrompem as programações de televisão nos plantões ou em coberturas que parecem não ter fim. São casos tidos como hediondos, praticados com requinte de crueldade e que chocam a sociedade. Quem não lembra dos casos Daniella Perez (1992), João Hélio (2007), Isabella Nardoni (2008), Eloá Pimentel (2008), Eliza Samudio (2010), massacre em Realengo (2011) e Matsunaga (2012). E, recentemente, o caso de Henry Borel.

Todas as pessoas possuem algum senso de justiça e a consciência de estar num mundo de injustiças. E mesmo que as pessoas não sejam muito justas na sua vida cotidiana, elas falam ou reclamam da falta de justiça. As pessoas se colocam no lugar, se entristecem, choram, e fazem até manifestação pela dor alheia. A maldade parece mesmo incompreensível. E em situações como essas, a maioria assume o lugar de juiz e aparece com a punição na ponta da língua: “Esse tem mesmo é que morrer!”.

Quase sempre, a justiça é questionada quando é requerida em favor próprio ou quando se acha que alguém merece ser punido ou castigado. Mas o que se vê na maioria das vezes é a busca por uma justiça própria carregada de egoísmo quando se deseja favorecimento próprio, mas que é logo esquecida quando se está na posição de réu.

Várias têm sido as chamadas teorias de justiça desenvolvidas por diversos pensadores ao longo da história. Na antiguidade, presenciamos relevantes contribuições como as de Platão e Aristóteles. A Justiça está presente no estudo do Direito, da Filosofia, da Ética, da Moral e da Religião. No dicionário, o termo está definido como qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é direito, justo.

Não há dúvidas de que a justiça humana é falha, parcial, corrompível e muitas vezes mesquinha. Diferente da justiça de Deus, que é leal, reta, infalível e principalmente misericordiosa. Deus considera o nosso estado miserável e oferece perdão total ao pecador arrependido quando este crê na sua bondade e aceita o seu favor. Em ato de amor a humanidade, Jesus Cristo assumiu a culpa em nosso lugar e sofreu a punição que nós merecíamos. Qualquer um que crê em Jesus é justificado pela fé.

Quando alguém julga, ela dá um veredicto: culpado ou inocente. E a Bíblia fala claramente sobre o julgamento: “Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e à medida que usarem, também será usada para medir vocês” (Mateus 7.1-2). Outra passagem que ilustra bem o julgamento hipócrita está em João 8.7-11. O contexto é a história da mulher que foi pega no próprio ato de adultério e trazida a Jesus pelos escribas e fariseus. No versículo 7, Jesus diz aos escribas e fariseus: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra”. No versículo 11, Ele fala para a mulher: “Nem Eu tampouco te condeno; vai e não peques mais”.

Bento XVI ensinou que “Nos nossos juízos, nunca devemos confundir o pecado, que é inaceitável, com o pecador cujo estado de consciência não podemos julgar e que, em todo o caso, é sempre susceptível de conversão e de perdão”. O mandamento sobre não julgar não tem nada a ver com abandonar o discernimento sobre o bem e o mal. A afirmação do Papa Bento esclarece o que é que não devemos – porque sequer temos capacidade para isso – julgar: o estado de consciência do outro. Esse trabalho não é nosso, mas de Deus.

Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br