Como serão os cultos e atividades religiosas conforme a situação pandêmica for se “normalizando”? Os fiéis vão se acomodar com o mundo virtual?

 

Com a chegada do vírus, tudo que nós cristãos conhecíamos mudou, os templos fecharam e agora a Igreja terá de se reinventar para continuar com as atividades daqui pra frente, até que tudo se “normalize”. Atividades essas que agora incluem cultos domésticos pela internet, distanciamento social, uso de máscaras de tecido e álcool em gel.

Alguns pastores estão se especializando em transmissões ao vivo pelas redes sociais, para trazer para perto os mais distantes e equipar os que, por si só, retornarão ainda mais motivados para seguir em frente como Igreja pós-pandemia. Há também a necessidade de manter focado aqueles mais rasos na comunhão com Deus para evitar que sua fé se esvaia com o passar tempo.

Apesar do uso da tecnologia para a realização dos cultos, o pastor Flávio Siqueira afirma que os fiéis anseiam pela volta dos cultos presenciais e não planejam continuar com o costume de apenas assisti-los virtualmente,“Eu creio que pode acontecer com um grupo, mas que seja um grupo menor, porque percebo que muitas pessoas estão com saudade de manter o contato, do olho no olho e do abraço”.

A flexibilização da quarentena deu a oportunidade de, pouco a pouco, as reuniões voltarem a serem presenciais, mesmo que seguindo os protocolos de saúde. Na igreja Assembléia de Deus de São José dos Campos, São Paulo, as reuniões estão na sua terceira semana de realização de acordo com as medidas de prevenção como: pessoas do grupo de risco não podem estar presentes e apenas 160 cadeiras estão disponíveis, apesar do local suportar 700, fora os cuidados de higiene e uso de máscaras.

Nos dias atuais, os pastores estão pregando a Palavra para familiares de membros que nunca frequentaram uma Igreja, graças à realização das reuniões por meios virtuais e cada vez mais se torna necessário uma linguagem mais ampla, que seja de fácil compreensão por parte de quem não convive no ambiente evangélico. Cada vez mais o sentido da expressão “ekklesia” (assembleia pública), ganha novos contornos no século da tecnologia, da globalização e da ampla comunicação digital.

Segundo o pastor Ed René Kivitz a assistência espiritual neste momento, embora virtual, “são muito reais”. “Há muita intensidade relacional na vivência quando nós nos encontramos não em um lugar, mas em um tempo, o da celebração da fé. Então, ao mesmo tempo que é uma experiência de tristeza, é também de fé, de acreditar que, apesar de não estarmos juntos no mesmo ambiente, estamos juntos na mesma vivência”, refletiu. “O verdadeiro sentido de igreja é comunidade. Ela não fecha, o que fecha é o templo, que é apenas o lugar de reunião. A comunidade se expressa na sua rede de relacionamentos e serviços que se estende para além do templo” completou.