Jovem missionária Gabriela Lopes orienta sobre o chamado para o ministério e julgo desigual
Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br
Na terceira noite do 24º Congresso da União de Mocidade da Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz, a missionária Gabriela Lopes pregou sobre a manifestação do poder de Deus na vida do cristão, com base em Atos 3. “Poder de Deus é para quem quer. E quem quer poder de Deus não vive a regra do mundo, não anda na lógica do homem, mas obedece a Palavra de Deus”, afirmou a pregadora de 26 anos, que namora, sonha com o casamento, mas garante que o pecado não seduz quem está cheio do Espírito de Deus. Na entrevista ao JRE, a filha do Ananias e da Áurea, pastores da Igreja Evangélica Ministério Shekinah de Xerém, fala sobre a infância, o chamado para o ministério, sobre julgo desigual e ainda revela um dos piores momentos da sua vida. Confira.
JRE: De onde surgiu a frase que você sempre usa como hashtag nas redes sociais: “Nunca foi sorte, sempre foi Deus”?
Gabriela Lopes: Uma vez uma amiga minha postou uma frase semelhante a essa e eu gostei tanto que adaptei pra mim. Ela se encaixa perfeitamente na minha vida, porque de fato pra mim nunca foi sorte, sempre foi Deus.
JRE: É na fase da juventude que muitos jovens se perdem por conta dos desafios, das tentações, das provações dessa fase da vida. Você ainda é jovem, qual o segredo para vencer todas as dificuldades e servir a Deus na juventude?
Gabriela Lopes: O segredo da vida cristã é esse: ser cheio do Espírito. Porque a Bíblia diz: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”. Quem anda em Espírito é guiado pelo Espírito. Não existe nenhum método, você só precisa ser cheio do Espírito Santo. Quando você está cheio de Deus, o pecado não te seduz. Não tem nada desse negócio de ter que casar logo, porque a gente só foge do pecado sendo cheio do Espírito. Esse é o segredo. E o Espírito Santo é mestre, Ele é professor, Ele ensina, Ele fala, Ele sinaliza, Ele acende aquela luz vermelha, mas o problema é que a juventude de hoje não desenvolve um relacionamento com Ele. Vem à igreja, pula, roda, fala em mistério, mas não conhece Deus. Como vai ficar firme sem conhecer Deus? Não tem como.
JRE: Teve alguma experiência nessa fase da adolescência para a juventude que te marcou?
Gabriela Lopes: Eu vivi muitas fases difíceis na minha vida, mas teve um momento que me marcou sim. Eu orei a vida inteira pelo meu casamento, e quando eu tinha 18 anos decidi me casar. Conheci um rapaz, me apaixonei, mas não era o que o Senhor tinha para minha vida. Eu sofri muito, porque eu entreguei o meu coração sem esperar a decisão do Senhor. E nessa época eu vivi coisas que foram muito dolorosas, frustração, desilusão, angústia, eu desacreditei do chamado de Deus para minha vida. Estar fora do propósito de Deus te causa dor, te causa marca. Mas quando passou, eu entendi que Deus estava me preparando para tudo que eu viveria hoje.
Hoje você está namorando e pretende se casar, como você aconselha o jovem a esperar pelo momento e pela pessoa certa?
Eu ouço muito as pessoas dizerem que Deus não escolhe a pessoa certa para você, porque Ele não interfere na sua escolha. Eu respeito essa opinião, mas eu vou dizer por mim: essa é uma decisão que eu quero fazer com o Senhor. Eu quero que Ele participe e decida tudo. É o Senhor quem vai me entregar a alguém, então eu quero que seja a festa d’Ele, o dia d’Ele. O que eu posso dizer para os jovens é que ter sucesso naquilo que Deus não aprova é ser fracassado. Sucesso é ter a vida no centro da vontade de Deus.
O que você entende como julgo desigual?
Julgo desigual é pecado. E julgo desigual não é só no relacionamento, é também quando você anda com alguém que não está no mesmo propósito, não adianta, ela vai te levar para baixo. Anda com tolo e você vai ser tolo. Anda com sábio e você vai ser sábio. Então por favor, cola com gente que tem a ver com o propósito de Deus para sua vida. Meu pai sempre me ensinou: “Nem que você ande com os velhos da igreja, mas ande com gente que entende o propósito”. É isso que faz dar certo.
Você é jovem e viveu essa transformação tecnológica e acompanhou o surgimento das redes sociais. O uso das redes sociais é sempre um assunto polêmico; uns defendem, outros criticam. O que você pensa sobre esse assunto e como você lida com isso na sua vida?
Eu vejo muitas vantagens nas redes sociais, porque elas te proporcionam um alcance gigantesco. Mas eu penso que o grande problema não é a rede social, é a pessoa que usa. O problema nunca é a arma, mas o ser humano que faz uso dela. Na rede social, a pessoa recebe o direito de ter voz ativa, e tem gente que não está preparada para isso. Existem diversos perfis de gente enferma, que usa a rede para falar mal das pessoas. E eu costumo dizer que você não vê o mundo como ele é, você vê o mundo como você é. Então se você é mau, verá maldade em tudo. Se você é bom, verá bondade em tudo.
Você nasceu em um lar evangélico com pais muito envolvidos com a obra de Deus. Como foi crescer participando de cultos fervorosos e pentecostais em uma igreja dentro de casa?
A história da minha família é muito tremenda. Meu pai inclusive se converteu e se batizou nesta igreja. Ele veio parar no antigo matadouro de Santa Cruz foragido da polícia. O histórico da nossa família era um histórico para derrota. As pessoas em Xerém tinham muita pena da gente; de mim, da minha irmã. Minha mãe era conhecida como uma mulher que engravidou de um bandido e que passava muita necessidade. Mas quando meu pai se converteu, ele se converteu de verdade e Deus fez uma promessa a ele: que faria da nossa família uma referência dentro de Xerém. Meu pai fez o seminário e depois foi consagrado a pastor na Igreja Wesleyana de Xerém. Só que a gente passou por muitos perrengues, muitas lutas, até que a igreja começou na nossa casa. Então a gente sempre foi uma família entregue e eu aprendi a amar aos Senhor com as atitudes dos meus pais, com a convivência com eles, não por imposição. Eles vivem o evangelho, são crentes de verdade. A devocional do meu pai, até hoje, leva pelo menos duas horas assim que ele acorda. E pode ser o presidente da república chamando que ele não atende. Ele tem uma vida com Deus e isso leva a gente a ter também. Ele nunca foi de ficar mandando a gente orar, mas ele sempre orou, minha mãe também. Então a gente sempre teve esse espelho em casa.
Você tem o dom da Palavra e a Mayara, sua irmã, tem o dom do Louvor. Quando esses dons começaram a se manifestar na vida de vocês?
Na verdade eu gostava muito de cantar e o meu grande sonho era ser cantora como a Lauriete (risos). Com essa voz de homem que eu tenho, eu cantava nos cultos e meu pai achava lindo, me apoiava. Eu gritava, cuspia sangue e meu pai dizia que foi uma glória. E minha mãe dizia para o meu pai: “Pelo amor de Deus Ananias, para de iludir essa menina” (risos). Então eu sempre cantei, mas minha irmã nunca gostava de cantar, cantava mal também, era desafinada, um horror. Um dia a gente estava no monte orando e Deus falou que iria usar a Mayara na área do louvor. Do nada a bichinha virou um sabiá, canta que é uma maravilha. E onde eu ia, todo mundo falava para mim que via uma Bíblia de ouro na minha frente. Mas eu não aceitava que eu não ia cantar, então eu pensei que eu ia compor canções para minha irmã cantar. Até que um dia meu pai me convidou para pregar no culto pela primeira vez. Aí eu fui ao monte e pedi um sinal a Deus, eu pensei: se o senhor tem mesmo o chamado de pregação na minha vida eu quero que o senhor salve três almas hoje como sinal. Então eu fui, preguei, a pregação foi horrível, e no final eu convidei as pessoas para aceitarem a Jesus. Veio um, dois, três. Pronto, pensei: Deus confirmou o sinal. Só que as pessoas continuaram vindo, foram 12 no total. Então eu pensei: não é esse o meu chamado, pronto, está tudo certo. Mas daqui a pouco se levantou um vaso no meio da igreja dizendo: “Assim te diz o Senhor, tu me pediste um sinal nesta tarde e eu te digo que te dei quatro vezes mais para que tu não tenhas dúvida de que fui eu quem te chamei para esse ministério”. Depois disse eu me lancei completamente.
O que você gosta de fazer nas horas vagas?
Gosto muito de ver filme, amo comer, amo doce, amo chocolate. Mas quando eu não tenho agenda o que eu mais gosto de fazer é nada. Eu amo fazer nada (risos).
Qual o seu maior sonho na vida?
Ver o meu Senhor. Indiscutivelmente. Eu anseio por esse dia, mesmo que eu tenha que morrer agora. Eu o amo, mais que a vida.