“Nosso maior desafio não é lutar contra esses modelos seculares de família, mas é ser o exemplo deles”, diz Fernanda Brum

Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com

Em sua passagem pelo bairro de Santa Cruz, no Cadesc Fest, a pastora e cantora Fernanda Brum concedeu entrevista exclusiva ao JRE momentos antes de subir ao palco. Ela falou sobre a revolução nos formatos da família contemporânea e o papel da igreja nesse contexto. Ela alertou para os erros cometidos pelos pais em relação aos filhos e falou sobre o desafio de equilibrar a rotina corrida e que muitas vezes sacrifica uma das partes. Fernanda também conferiu dicas para o cuidado da aparência pela mulher cristã. Confira!

JRE: Qual a influência da igreja nas famílias e na sociedade?
Prª Fernanda Brum: A família, desde sempre, é plural em todos os sentidos, principalmente nas comunidades mais simples em que na maioria das vezes a mulher cria o filho sozinha. A figura do pai é sempre muito ausente, então a igreja contribui demais com isso, pois a igreja é a família que a maioria não tem. O Estado abandona a comunidade, mas a igreja não! A família é essencial para o convívio social da criança, e a igreja, muitas vezes, é essa família.

JRE: Estamos vivendo uma revolução no conceito de família. Qual o seu ponto de vista?
Prª Fernanda Brum: Eu penso que a família é constituída da forma como o Senhor nosso Deus criou. E se a família já tem falhado na figura tradicional, como ela pode funcionar em outra configuração? Temos, então, um papel muito importante: o de sermos o exemplo e mostrarmos como a família é na configuração para qual foi criada. Nosso maior desafio não é lutar contra esses modelos seculares de família, mas é ser o exemplo para eles.

JRE: E como uma família pode vencer essas novas configurações da família contemporânea?
Prª Fernanda Brum: Eu vim de uma família cristã que sofreu vários ataques. Para sobreviver é preciso ser cheio de amor, ser cheio de disposição para perdoar. Havia épocas em que eu chegava em casa embriagada e minha avó dizia: “filha boa, filha santa, deita aqui na minha cama…” Então eu acredito que esses princípios vão sempre vencer todos os outros rituais de religiosidade.Se você ama, você cuida!E não existe outra forma de vencer senão amando, socorrendo, acolhendo.

Qual é o maior erro que os pais têm cometido atualmente, seja dentro ou fora da igreja?
O maior erro que o pai e a mãe podem cometer é ignorar que o próprio filho pode errar. Essa coisa da grande decepção do filho… Eles receberam todas as informações possíveis e corretas, foram criados nos caminhos do Senhor, eles não podem errar! E quando os pais se decepcionam, eles se trancam. Todo mundo passa por crise, o que importa é que não venhamos a perder o caminho do coração. Porque se você perder o caminho do coração de seu filho, desgraça maior você faz. E nós vemos aí, pai que bota filho para fora de casa…. Então, eu acho que nosso amor precisa ser transbordado, para podermos cuidar dos nossos filhos com tanta misericórdia quanto Deus cuida de nós.

Você é mãe, esposa, tem uma carreira e um ministério gigantesco. Como você consegue conciliar tudo isso?
Sei lá. (risos) É o seguinte, eu falho em muitas áreas. As pessoas me rotulam como se eu fosse um ícone de perfeição. A primeira coisa que devo fazer, nesse momento, é te decepcionar rápido. Eu falho em todas essas áreas. Entretanto, eu sou uma pessoa atenta e preocupada em não falhar. Mas quando priorizamos o ministério, quem sofre são os filhos. O ministério, o trabalho podem se transformar em amantes. Tudo aquilo que te rouba de seu marido é um amante, o que te rouba de seus filhos e da vontade de Deus é pecado. Então essa é uma eterna balança que somente o Espírito Santo pode nos orientar. Precisamos parar de achar que porque somos crentes não vamos errar. Não devemos errar, mas se errarmos dá tempo de concertar, de pedir perdão, de dispor mais tempo para cuidar da família.

Aproveitando para falar ao universo feminino, como a mulher cristã deve administrar o cuidado com a aparência?
Nós precisamos andar nos limites da nossa cultura. Eu acredito que a higiene, o bem-estar, a decência, a graça, o olhar puro… tudo isso faz parte de um conjunto de decência que vai refletir na sua roupa. Não podemos perder nossa feminilidade, porque se a perdemos podemos trazer uma frustração para o casamento e para o relacionamento.