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Pastor batista fala do desafio do casal, quando apenas um é crente, em manter o relacionamento pautado no evangelho durante os dias de folia
Por Daniella Fernandes
Faltam poucos dias para começar o carnaval e as dúvidas começam a surgir no meio evangélico. Todos os anos voltam à tona os mesmos questionamentos em relação a esta festa considerada pagã, principalmente para os novos convertidos. A imprecisão também permeia em relação a origem exata do Carnaval. Há quem defenda que a comemoração da festa da carne, como é chamada, tenha suas raízes em alguma festa primitiva, de caráter orgíaco, realizada em honra do ressurgimento da primavera. No entanto, de acordo com o dicionário Aurélio, Carnaval significa período de festas profanas de origem medieval, compreendido entre o dia de Reis e a quarta-feira de Cinzas. Afinal, o cristão pode ou não pular carnaval?
Para os casais casados, este período pode ser bastante complexo, caso um dos cônjuges não professe a fé em Deus. Com embasamento neste assunto, o Jornal Regional Evangélico entrevistou o pastor Mauro Sérgio Rangel, da Igreja Batista do Parque São Basílio, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, que tem mais de 20 anos de experiência em trabalho com casais. Para ele, as mulheres sentem mais do que os homens, quando somente ela é convertida, já que o marido, seduzido pelo carnaval, não abre mão de desfrutar de rodas de samba, acompanhar os ensaios das escolas de samba, blocos e até mesmo assistir ao desfile na Marquês de Sapucaí. “Enquanto ele, como o cabeça do lar, deveria protegê-la, acaba deixando-a sozinha por estar atraído por esta festa, causando uma grande ruptura entre o casal”, diz o pastor que ainda acrescenta que diante deste impasse, o casamento fica norteado por três sentimentos negativos: “A insegurança, o medo e o ciúme, alimentados pela dúvida em querer saber o que o outro está fazendo, mesmo se ela estiver em um retiro espiritual”.
O pastor Mauro é mais enfático quando afirma que a insegurança bombardeia tanto o crente como o não crente. “Com toda facilidade que o carnaval trás, o homem passa a imaginar que no ambiente em que sua mulher está, seja ele um local espiritual, também possam existir os assédios”, pontua. “As pessoas ficam mais soltas, mas à vontade no período no qual acontecem com maior frequência os deslizes”, completa o pastor. E para a esposa o impasse é ainda maior, já que ela não tem certeza como o marido voltará para casa no campo emocional, muito menos na própria saúde.
Os problemas que o casal enfrenta no carnaval podem tomar proporções gigantescas quando ela, é praticamente obrigada a acompanhá-lo nas festividades mundanas. A mulher evangélica casada com um não crente conhece literalmente o que é o jugo desigual. O pastor Mauro acredita que o marido deveria conduzir a família para os o pastor Mauro, o assunto é muito delicado e cada caso, deve ser analisado individualmente. “Acredito que devemos observar qual a intenção do coração de cada pessoa. Será que existe aquele desejo involuntário de participar de uma festa secular, e esta é uma oportunidade para isso?”, indaga o pastor que cita o Salmos 139 versículo 23, que diz: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos, como uma análise que o cônjuge convertido deve fazer antes de acompanhar o cônjuge não convertido.
No entanto, existem pessoas que não gostam de tumulto e passam os três, quatro dias dentro de casa ou viajam para um local longe do agito. Mas, isso não impede que elas tragam o carnaval para seus lares através da televisão, das redes sociais ou até mesmo por uma inofensiva brincadeira interiorana. Nesta situação, o pastor alerta que o casal e os filhos são influenciados com muita naturalidade pelas coisas do mundo, sem perceber o perigo. “Durante muito tempo eu e a minha família retirávamos para uma casa de praia. Ao anoitecer passeávamos pela cidade, que devido a quantidade de turistas, promovia as mesmas comemorações. Ou seja, com o tempo Deus me mostrou que estávamos dentro do carnaval”, relembra.
A última pesquisa de Registro Civil do IBGE mostra que em 2014 o Brasil registrou 341,1 mil divórcios. Dez anos antes esse número era de 130,5 mil registros, um aumento de 161,4%. Festas profanas como o carnaval são um estopim para o aumento desta triste estatística. Com 33 anos de casado, o pastor Mauro aconselha aos nossos leitores que não é válido trocar uma vida inteira de relacionamento por poucos dias de euforia. “O casal deve viver em acordo, em cumplicidade para que seja tomada a melhor decisão, não somente neste período, mas durante o ano todo. O casal também deve se completar para que nada externo tenha esse papel, pois estamos numa época em que as pessoas vivem muito na fantasia”, diz o pastor. “O meu conselho é que o casal separe momento a dois e promova lazer em casa. Um convívio a dois pode nos trazer uma cumplicidade muito maior do que as aventuras por aí”, finaliza.