A ideia de que música gospel se restringe ao público evangélico já foi ultrapassada. Nos últimos anos, alguns sucessos do segmento têm caído na boca do povo, independentemente da crença. Se você não cantou, certamente já ouviu as músicas Faz um Milagre em Mim, de Regis Danese, e Eu Sou de Jesus, do irmão Lázaro. O Brasil é o segundo país com maior número de protestantes no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Mas, o crescimento das igrejas evangélicas não é o único fator responsável para a consolidação do mercado gospel. Ritmos mais populares com conteúdo cristão, boa qualidade nas produções e estilos musicais variados são alguns exemplos. Estima-se que o mercado movimente cerca de R$ 1,5 bilhão por ano entre gravadoras, editoras, confecções, tecnologia e serviços.
Gravadoras seculares conceituadas abriram as portas para os cantores evangélicos, como é o caso da Som Livre, das organizações Globo, Universal Music e Sony Music. Esta, acompanhou por mais de 10 anos o mercado e em 2010 decidiu investir em um departamento exclusivo de música gospel. Segundo Mauricio Soares, diretor da gravadora, nos últimos dois anos o segmento evangélico representou cerca de 20% do lucro da empresa no Brasil. “Este é um resultado espetacular em se tratando de uma companhia com tantos artistas de peso, e por ser um projeto com apenas cinco anos de estrada. As vendas digitais estão crescendo bastante e, hoje, já representam 38% de nosso mercado gospel”, diz, otimista, o representante.
Celeiro mineiro
Minas Gerais é um grande berço de artistas, e, na música gospel, não é diferente. Thalles Roberto, Régis Danese e André Valadão são nomes consolidados, que rodam o Brasil e o mundo apresentando seus trabalhos. Filho de Márcio Valadão, pastor presidente da Igreja Batista da Lagoinha, André iniciou a trajetória artística no grupo Diante do Trono, liderado pela irmã Ana Paula Valadão. Há 11 anos, segue carreira solo na música, contabilizando 13 CD’s e seis DVD’s. Ele acredita que as canções religiosas conseguiram adaptar-se ao gosto do público. “O crescimento da música gospel, em primeiro lugar, é uma resposta ao que a população realmente quer ouvir. Ouvir canções com conteúdo, mensagens positivas, motivadores, de perdão, recomeço e fé. E creio também que a queda da qualidade lírica das músicas seculares também fez migrar muitos admiradores da música para o gospel”, afirma o cantor.
O artista mineiro participa do Festival Promessas, mega evento anual organizado pela Rede Globo desde 2011. “Eles querem audiência, foram claros dizendo que o que as pessoas querem e buscam o que seria encontrado lá. Por isso, abriu as portas para o gospel”, diz André.
Mercado alternativo
Para ouvir a música do seu artista favorito, basta um clique e você terá toda a coletânea. O fácil acesso à internet tem obrigado as gravadoras a se adaptarem ao novo mercado, como explica Mauricio Soares. “Se há alguns anos tínhamos 3 mil pontos de vendas de discos no Brasil, hoje, trabalhamos com mais de 280 milhões de aparelhos celulares, mais de 60 plataformas digitais, inúmeras oportunidades e novas tecnologias surgindo, e, ainda, mantendo firme a venda dos formatos físicos tradicionais. Até o LP volta a ser uma linha interessante de negócios. Ou seja, não há crise”, explica o diretor da Sony Music Gospel.
Segundo ele, existe um rumo a que os artistas devem seguir. “O que há, de verdade, é uma nova cultura, novos players e principalmente uma maior interatividade entre o público consumidor e o artista, conteúdo e gravadoras. Hoje em dia, é fundamental que os profissionais dessa área entendam a nova dinâmica e se ajustem imediatamente à nova realidade”, aconselha Maurício.
Apesar da facilidade no acesso aos materiais piratas, André Valadão já vendeu mais de 3,5 milhões de CD’s e mais de 430 mil DVD’s. Ele repudia a comercialização de conteúdo que não seja original. “A música evangélica carrega uma mensagem clara de que baixar música pirata vai além de um crime, é também um pecado diante de Deus. Creio que a atitude de não baixar músicas piratas reflete em caráter e conduta. Isso, claro, muito bem ensinado na fé evangélica”, reforça o compositor.
Ciente da força da internet, André também tem utilizado a plataforma para ficar mais próximo do público. Ele lançou um canal no YouTube, que já conta com mais de 90 mil inscritos e tem uma média de 1,5 milhão de visualizações por mês – no Facebook ele conta com nada menos que 4,8 milhões de curtidas. “Pela internet, o artista tem controle do que realmente pode fazer e investir. Infelizmente, as rádios de hoje não são de total confiança, e a mídia de internet está, em todo tempo, na palma da mão dos fãs”, acrescenta o músico mineiro.
Fonte: uai.com.br
O mercado da musica gospel deve ser mais ampliado
poderia se cria mais eventos , relacionado encontro e mais