Texto base: Hebreus 6.9 “Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos”.
Em toda minha caminhada cristã, eu tenho aprendido que os testemunhos falam bem alto; mais alto até que as palavras, porque ele demonstra a realidade da vida do crente fiel. Alguns anos atrás, eu estava me preparando para ministrar a Santa Ceia do Senhor, quando me contaram que um obreiro de uma de nossas congregações acabara de sofrer uma tragédia. A casa dele havia sido destruída por um vendaval. O vento foi tão forte, que arrancou o telhado e inundou toda a casa. Ele perdeu todos os móveis e a maioria dos pertences.
Aquela notícia mexeu tanto comigo, que comecei a chorar. Meu coração ficou apertado, triste, comovido com a situação daquele irmão. Então eu me levantei e disse à igreja que estava muito abalado, e sem condições de ministrar a Ceia. Eu me sentia sem forças e pedi que a igreja me ajudasse. Contei a história, e expliquei que aquele irmão estava ao relento com a esposa e as filhas. Informei que tiraríamos uma oferta para ajudá-lo e pedi que todos contribuíssem. A verdade é que o coração do povo se derreteu e a oferta arrecadada daria para reformar a casa, comprar móveis novos, e ainda sobraria dinheiro. O irmão ficou muito agradecido e até hoje é um grande obreiro em nossa igreja. Isso é o que Deus faz na vida do crente fiel!
Quem me conhece sabe que eu sou de família humilde. Trabalhei na lavoura muito jovem plantando feijão, batata, arroz, milho. Quando o inverno chegava e a chuva molhava o milharal, ele ficava lindo… Ainda me lembro da alegria ao ver aquelas espigas! E hoje não é diferente, meu coração se alegra ao ver uma família caminhando, mesmo no frio e com tempo chuvoso, para chegar à igreja. É emocionante ver a irmã carregando o guarda-chuva de um lado, a bolsa e o bebê do outro, e ainda puxando a criança pela mão. Também não há impedimento para os irmãos que vem direto do trabalho, exaustos. Fico encantado quando vejo um coração fiel, que adora a Deus independente das circunstâncias. É como se eu estivesse enxergando a lavoura de Deus, o milharal produzindo o valor da fidelidade.
Um dia desses eu encontrei um pastor, muito entendido no campo da Teologia e excelente pregador da Palavra de Deus, que me confessou ter deixado a presidência de um campo, porque não aguentou ficar no púlpito todos os dias. Ele desistiu! Diferente dele, a cada dia eu sou mais apaixonado pela obra de Deus. Tenho um enorme prazer em pregar a Palavra de Deus, em ver uma ala dessas cheia de jovens e adolescentes interessados em ouvir a mensagem do evangelho. Um verdadeiro milagre, se levarmos em consideração esse tempo, em que a televisão exibe programações indecentes, em que os cinemas exibem filmes sem pudor. É recompensador ver os irmãos vencerem as dificuldades para serem fiéis a Deus.
Quando digo que Deus espera de nós coisas melhores, também me refiro ao bom caráter. O crente deve ter bom caráter. Eu ouvi uma história de um pastor que até hoje guardo no meu coração. Há uns 50 anos atrás, o carro de família bem sucedida parou em frente a uma igrejinha. O pai desceu e disse ao pastor: “Nós estamos precisando de uma empregada para cuidar da nossa casa. O senhor pode nos indicar uma pessoa? Nós sabemos que é na igreja que se encontram pessoas de confiança”, disse o homem. Naquela época não tinha telefone, então o pastor pediu que o casal voltasse na outra semana, porque ele iria indicar a pessoa certa para eles. O que eu quero mostrar com esse exemplo é que a igreja sempre foi vista como um lugar de pessoas honestas e tementes a Deus.
Não tem muito tempo, que eu escutei uma conversa de jovens solteiros na faculdade. Um deles estava dizendo que pensava em casar. Outro retrucou dizendo que era difícil achar uma mulher decente com as coisas do jeito que estão. Mas completou dizendo, que se quisesse encontrar uma moça séria, correta, virgem, honesta, o amigo teria que procurar na igreja evangélica. O que me preocupa é exatamente isso; no passado as pessoas procuravam a igreja porque viam nela pessoas honestas. E hoje? Será que as pessoas parariam em frente à igreja para dizer que precisam de um empregado? Será que as pessoas confiam nos cristãos de hoje? Será que os rapazes ainda podem dizer que é na igreja que estão as moças decentes? De vós, ó amados, esperamos coisas melhores!
Outro dia ouvi de um pastor, que colocou uma irmã da igreja para trabalhar na casa dele, o seguinte: “No dia em que eu e minha esposa voltamos para casa mais cedo do que o de costume, nós nos deparamos com várias bolsas na entrada de casa. A “irmã” estava de saída levando nossas roupas, objetos… perguntamos o que era aquilo e ela respondeu que eram coisas que nós não usávamos mais, e por isso, estava levando tudo para a casa dela”. Vejam como estamos vivendo em um tempo de inversão de valores.
A vida cristã é uma vida de constante melhora. Precisamos ser exemplos para a sociedade. É dever do cristão ser direito, sincero, honesto; para que possa falar livremente da Palavra de Deus de cabeça erguida. Na carta aos Efésios, no capítulo quatro, versículo 13, diz assim: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. Essa é a pregação genuína da Palavra de Deus: é você crescer e se tornar cada vez um homem e uma mulher melhores. Jesus ensinou que nós somos referência aqui na terra. Em Mateus 5.13 está escrito: “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens”. Ou seja, seu nome vira trapo na boca de ímpios.
Vivemos um momento muito difícil, em que a igreja está sendo confundida com o mundo. Mas a igreja não é o mundo, ela só está no mundo. Como a garça branquinha caminha na lama e não se suja, como o peixe que vive no mar salgado, mas não se salga, assim somos nós: a noiva de Cristo. A igreja lavada pelo sangue de Jesus não se contamina com o mundo. Como diz o salmista Davi, o homem fiel não muda a sua mensagem, ele abraça a verdade; e ela será a sua companheira. Nós não precisamos aprender com os nossos próprios erros, podemos aprender com os erros dos outros. O tempo deve nos melhorar como pessoa. Muita gente diz que errar é humano; porém eu digo que acertar é ainda mais humano.