O crescimento, desde a infância até a idade adulta, se faz em conformidade com as leis naturais. Claro, existem diversas direções no crescimento. Atingir a maturidade física total, por exemplo, não assegura automaticamente a maturidade emocional ou intelectual. Por outro lado, a dependência física de uma pessoa não significa que esta seja intelectual ou emocionalmente imatura.
No processo de amadurecimento, a dependência é o paradigma do você: Você tem de tomar conta de mim. Você fez a coisa certa. Você não fez a coisa certa. A culpa é toda sua. A independência é o paradigma do eu: Eu sei fazer. Eu sou responsável. Eu tenho certeza. Eu sei escolher. A interdependência é o paradigma do “nós”: Nós podemos fazer isso. Nós podemos cooperar. Nós vamos unir nossos talentos e habilidades para juntos criarmos algo maior.
As pessoas dependentes precisam das outras para conseguir o que desejam. As pessoas independentes conseguem obter o que desejam através de seu próprio esforço. As pessoas interdependentes combinam seus próprios esforços com os esforços dos outros para conseguir um resultado muito melhor.
Se eu fosse fisicamente dependente – paralítico, deficiente ou incapaz fisicamente -, precisaria da ajuda das pessoas. Se eu fosse emocionalmente dependente, meu senso de valor e minha segurança dependeriam da opinião dos outros a meu respeito. Seria devastador se alguém não gostasse de mim.
Se eu fosse intelectualmente dependente, precisaria de terceiros que iriam pensar em meu lugar e resolver as questões e problemas da minha vida. Se eu fosse independente, poderia me virar sozinho fisicamente. No plano intelectual, seguiria minhas próprias ideias e teria capacidade de passar de um nível de abstração a outro. Poderia pensar de modo crítico e analítico, organizando e expressando meus pensamentos de forma inteligível. Emocionalmente, saberia reconhecer meu valor sozinho. Conduziria minha vida tendo minha personalidade como base. Não dependeria do fato dos outros gostarem de mim ou me tratarem bem para saber meu próprio valor.
Não é difícil perceber que a independência revela mais maturidade do que a independência, que é em si e por si, uma grande conquista. Mas a independência não é suprema. Não obstante, o paradigma social privilegia a independência. Ela representa o objetivo supremo de muitos indivíduos e movimentos sociais.
A maioria da literatura sobre motivação coloca a independência em um pedestal, como se a comunicação, o trabalho em equipe e a cooperação fossem valores secundários. Mas grande parte da ênfase atual na independência reflete uma reação à – ao fato de outras pessoas controlarem, definirem, usarem e manipularem nossas vidas. O conceito de interdependência, tão mal compreendido, lembra para muita gente a dependência. Sendo assim, encontramos muitas pessoas, às vezes por razões egoístas, destruindo o casamento, abandonando os filhos e deixando de lado todas as responsabilidades sociais, sempre em nome da independência. O tipo de reação que leva as pessoas a “arrancar as algemas”, “promover a liberação”, “buscar a afirmação” e “se impor”, com frequência revela uma dependência mais profunda, da qual elas não podem fugir, pois vem de dentro, e não de fora – uma dependência que permite à fraqueza alheia arruinar sua vida emocional, ou que coloca a pessoa na posição de vítima dos outros e de acontecimentos que escapam completamente do seu controle. Claro, por vezes é preciso mudar as circunstâncias. Mas o problema da dependência é uma questão ligada à maturidade emocional, tendo pouco ou nada a ver com as circunstâncias.
Mesmo que as condições sejam mais favoráveis, a imaturidade e a dependência frequentemente persistem. A verdadeira independência da personalidade nos dá o poder para agir, abandonando a posição passiva. Ela nos liberta da dependência das circunstâncias e das outras pessoas, sendo um objetivo valioso, libertador. Mas nem por isso é o objetivo supremo de uma vida eficaz.