Como uma família cristã pode ter um lar firmado na Palavra de Deus, equilibrado e feliz?
Por Daniella Fernandes
danyyfernandys@hotmail.com
A família foi a primeira instituição criada por Deus, e é nela que todo ser humano aprende a se relacionar com outras pessoas e a viver em sociedade. Mas nem sempre o relacionamento familiar é harmonioso. As diferenças de personalidades, a falta de diálogo e os problemas diários prejudicam, muitas vezes, o equilíbrio do lar e roubam a paz das famílias. Como uma família cristã pode ter um lar firmado na Palavra de Deus, equilibrado e feliz? Como resolver os conflitos familiares e ter uma família unida? Essas e outras questões que envolvem o relacionamento familiar serão respondidas nessa matéria, a fim de aconselhar e ajudar as famílias.
O pastor da Catedral das Assembleias de Deus do Ministério Ágape em Sepetiba (CAEADMAS), José Domingos, conta que a palavra “lar” deriva do latim “lare”, que significa lugar com calor, daí a razão do termo “lareira”. O pastor ainda enfatiza que tanto a história de Noé quanto a de Abraão demonstram a intenção de Deus em estabelecer a família na Terra como um padrão de vida. “Esta instituição estabelecida por Deus é a única base sólida contra a degradação social, econômica e política de uma nação. Sobre os alicerces da família a sociedade é organizada. Ainda não se criou nada que substitua a família”, afirma.
Muitos conflitos familiares acontecem por falta de conhecimento dos papéis que cada membro da família deve desempenhar em um lar. O pastor José diz que o fundamental em um lar é o sentimento de solidariedade que deve envolver os membros. Ele dá dicas preciosas que valem a pena ser anotadas e praticadas diariamente, principalmente pelos casais, que são os que governam a casa. De acordo com o pastor, os deveres básicos do marido são: amar a esposa e não se irritar com ela (Colossenses 3.19), representar Deus no lar (1 Coríntios 11.3), apresentar o lar a Deus (Jó 1.5) e oferecer segurança (Mateus 7.24-25). As funções especiais do marido são: governar o lar, reconhecer direitos e delegar deveres, ser previdente e ser providente. Os deveres básicos da esposa são: submissão, (Colossenses 3.18), respeitar o esposo (Efésios 5.33) e edificar a casa (Provérbios 14.1). Funções especiais da esposa: dar atenção especial ao marido, ser solidária com o esposo, cuidar do lar e ajudar na economia. Já as funções conjuntas dos cônjuges são: planejamento familiar, cuidar das finanças da família, disciplinar os filhos e recreação da família.
Minha família: “um campo de batalha”
Comunicação. Talvez esse seja o remédio mais eficaz para muitos problemas que afligem as famílias. “Precisamos entender que um bom diálogo depende de um bom ouvido. Assim como queremos ser ouvido, o outro também tem esta dependência. Os conflitos existem para serem resolvidos. Quando existem conflitos, precisamos limpar o terreno das emoções e agir de maneira equilibrada, sempre se colocando no lugar do outro. Enquanto nos colocamos no lugar de vítima, não enxergamos o outro. Neste momento, o diálogo aberto é fundamental para resolver conflitos”, aconselha a terapeuta familiar e psicóloga, Mônica Albrile. A terapeuta ainda ressalta a importância de não postergar um conflito, não deixar para amanhã para não criar uma raiz de amargura. É preciso pedir sabedoria a Deus e resolver o problema.
Brigas constantes e desgastes emocionais no seio familiar são nocivos para a harmonia e união dos membros de um lar. A terapeuta familiar lista os principais motivos para as famílias se tornarem desunidas: quando a família deixa de ser um porto seguro e vira um verdadeiro campo de batalha, quando não se tem amor, que é a base da saúde de qualquer família e quando falta cumplicidade. Mônica afirma que quando a concorrência existe entre os componentes de um lar, cada um vê o outro como adversário, como se fossem partidos. Ela ainda aconselha como ter um lar harmonioso: “Um lar harmonioso é construído com base no amor, na confiança, na cumplicidade e tendo a Trindade (Pai, Filho e o Espírito Santo) como o direcionador da família”, diz.
Já foi o tempo em que as mulheres tinham sozinhas a responsabilização na educação e orientação dos filhos para a sociedade. Hoje, pais e mães procuram dividir as tarefas da casa e a educação dos pequenos. A esposa, mãe, cristã e juíza, Layse Malafaia, explica que as famílias nas quais os pais possuem uma participação mais efetiva na criação dos filhos tendem a ser mais afetuosas, e isso estabelece um vínculo mais forte entre pais e filhos e entre os próprios cônjuges. “Poucas coisas podem fazer uma mulher mais feliz do que ver alguém cuidando dos seus filhos com o mesmo amor que ela lhes dedica. Por isso, acho que o diálogo sobre a divisão de tarefas dentro de casa, aliado a uma rotina de colaboração, é a melhor solução para os casais na realidade atual”, afirma. A juíza ainda ressalta que ser mulher e na sociedade atual é um grande desafio, pelo fato de ter que desempenhar tantos papéis, mas que o primeiro passo é ter sinceridade e reconhecer as próprias limitações, estabelecendo prioridades. “Quando não conseguimos fixar esses limites, estamos sujeitas a um grau de estresse prejudicial e que pode afetar o nosso desempenho em todas as áreas, prejudicando nossa saúde e, especialmente, nosso convívio familiar,” pontua.
Mas será que é possível os pais serem amigos dos próprios filhos e também serem respeitados por eles? A terapeuta familiar e psicóloga, Mônica Albrile, diz que, no afã de conquistar a confiança e parceria dos filhos, alguns pais acabam se igualando aos filhos, ou até trocando os papéis. “Os filhos não esperam pais concorrentes, iguais a eles, mas pais em primeiro lugar, e amigos que inspiram confiança; pais que atuam no seu papel enquanto autoridade, sem serem extremo, pois tudo que é demais se torna patológico. Só conseguimos ser amigos de nossos filhos se exercermos nosso papel de pais”, esclarece. Layse Malafaia afirma que, atualmente, o maior desafio da mãe cristã é conseguir educar os filhos segundo os valores que acredita, por viver em uma sociedade em que os valores são propositadamente desconstruídos. A juíza ainda diz que, se não conseguirmos estabelecer um ambiente de refúgio dentro do nosso lar, teremos um casamento perturbado e, consequentemente, filhos crescendo com inúmeros problemas causados pelos conflitos que ocorrem dentro de casa. “Se puder dar um conselho é: converse mais. Seja paciente para falar, mas também para ouvir e, sobretudo, esteja realmente disposto a fazer as mudanças necessárias para que a sua casa não seja um ‘campo de batalha’, mas sim um ambiente de paz e de acolhimento”, finaliza.