É possível criar bons cidadãos e futuros servos de Deus?
Por Daniella Fernandes
Educar, impor limites e ser amigo dos filhos não são tarefas tão fáceis como podem parecer. Muitas vezes os pais cometem erros tentando acertar e perdem as rédeas da vida dos pequenos. Como é possível impor limites aos filhos em um mundo onde tanta coisa já foi liberada e é dita como natural? Como educar e criar uma criança para ser um ser humano de valor e, ao mesmo tempo, um servo de Deus? O JRE conversou com especialistas em educação e família para ajudar e dar dicas aos pais nessa missão tão importante que é educar.
A educadora e pedagoga Amanda Cardoso afirma que, atualmente, é notório que vivemos em uma época em que muitos conceitos familiares têm sido abolidos da cultura de nossa sociedade. Porém, ela acredita que a base para a educação dos filhos está no diálogo e respeito mútuo. “Pais devem tratar seus filhos com amor e carinho, mas também demonstrando seu papel como pais, que a intenção deles no ato de educar, ao estabelecer regras, não é de prejudicar seus filhos ou tornar a sua vida chata, mas poupá-los de situações ruins e prepará-los para uma vida adulta saudável e feliz”, diz. Amanda aconselha aos pais estabelecerem regras, através de uma boa conversa com os filhos, deixando-os participarem da criação delas, porque, assim, eles perceberão a importância de regras. A educadora ainda ressalta que os pais não devem ter receio em terem diálogos francos e de dizerem “não” aos filhos, e para quem tem adolescente em casa, a melhor maneira de impor limites é por meio da conversa.
Antigamente, muitos pais educavam os filhos batendo com vara, cinto, chinelo e o que tivesse na mão, mas será que bater é uma solução educativa, ou até mesmo necessária em algumas ocasiões? Em Provérbios 13.24, a Bíblia fala em correção com vara. Mas como essa passagem deve ser interpretada e aplicada na educação familiar? De acordo com o pastor que faz cobertura espiritual no Mistério de Casais do Projeto Vida Nova de Irajá, Ricardo Lira, quando Deus diz para corrigir com vara não é para agir com violência, mas sim corrigir a criança. Ele afirma que existem várias formas de corrigi-los. “Há várias formas de correção dizendo não, dando limites, colocando de castigo e até mesmo dando um tapinha leve, sem usar a violência. Eu na minha infância tive um pai muito duro, que me corrigia com tapas, usava o cinto, borracha, me colocava em castigos rigorosos e nem por isso deixei de amá-lo e honrá-lo até os últimos dias de sua vida. Não quero dizer que os pais devem agir com violência ou devem ser rudes com seus filhos, mas que os corrijam, pois a correção é necessária para a formação do caráter da criança”, afirma. A educadora e pedagoga Amanda Cardoso explica que a lei da palmada surgiu por conta da crescente violência doméstica contra crianças e adolescentes, e dentre tantos motivos relevantes, ela inibe a violência disfarçada no ato de educar. “Não acredito que o castigo físico eduque. Mas em situações extremas e, em último caso, uma palmada serve para estabelecer um limite. Junto dela é necessário que venha a explicação da advertência ter sido dessa forma, para que a criança entenda que a regra aprendida foi burlada e isso não será permitido”, ressalta.
Tecnologia a favor da família ou contra ela?
Em algumas famílias a tecnologia tem afastado pais e filhos. Muitas vezes ela serve para distrair uma criança que não para quieta; os pais oferecem o videogame, o celular, o tablet, etc. para entreter a criança. Segundo o pastor Ricardo Lira, a tecnologia tem sido uma ferramenta maligna de separação das famílias, tirando o precioso momento de comunhão entre pais e filhos, que é tão necessário para a formação dos laços familiares, e também deixando para trás as brincadeiras educativas, que são fundamentais para o desenvolvimento infantil. Porém, o pastor pontua que tudo é uma questão de equilíbrio e que não se pode afastar as crianças da tecnologia e de seus benefícios. “Hoje em dia há diversos vídeos e jogos educativos que auxiliam no processo de desenvolvimento da criança e até mesmo histórias bíblicas auxiliando no processo de transmissão da palavra de Deus. Cabe aos pais terem sabedoria e equilíbrio no que diz respeito às tecnologias, e estarem atentos ao que seus filhos têm assistido na internet, fazendo dela uma ferramenta auxiliar e não destruidora da família”, aconselha. A pedagoga Amanda Cardoso destaca que a tecnologia não deve substituir as brincadeiras tradicionais, por meio das quais o vínculo afetivo e emocional entre pais e filhos podem ser estreitados e o tempo em família mais bem aproveitado. Ela diz que os pais devem investir em atividades em que eles estejam juntos com os filhos, em um momento de conversa, troca de experiências e afeto. A educadora ainda chama a atenção para a administração da rotina das crianças por seus pais, estipulando horários e supervisionando as atividades dos filhos para não haver excessos no uso das tecnologias.
Mas como será que os pais podem impor limite ao filho, ou educar e criar um futuro servo de Deus ao mesmo tempo? “Os pais têm uma grande missão que é ensinar os filhos, com palavras, mas, principalmente, sendo exemplos para eles. Como cristãos temos o compromisso de ensinarmos aos nossos filhos os princípios e valores do Reino e estimularmos a amarem e servirem a Deus. A dica que eu dou é: invista nos seus filhos! Invista naquilo que vai atrair seus filhos para a casa de Deus e gerar frutos eternos em suas vidas. Princípios e valores cristãos devem ser transmitidos a eles desde a infância, para que, quando chegarem à juventude, os limites impostos não se tornem um transtorno e um conflito entre pais e filhos. Como consequência disso, teremos filhos homens e mulheres de Deus, firmados na Rocha que é Cristo”, aconselha o pastor Ricardo Lira. O pastor destaca a importância de ser amigo dos filhos, presente nas conquistas e nas frustrações. “Nossa família é a nossa primeira igreja, os filhos são nossa responsabilidade. Não podemos negligenciar o cuidado, a educação e a formação”, finaliza.