Desde o ventre somos alguém; desde a concepção existimos, a data em que comemoramos nosso aniversario natalício está nove meses atrasada se considerarmos o fator vida! As muitas velinhas que apagamos na data em que ouvimos “parabéns pra você” é apenas alusão, um simbolismo, uma comemoração do primeiro choro depois de algum tempo de vida, já existíamos antes disso.
Somos gerados, somos afeiçoados, formados no ventre materno e desde que nascemos e tomamos as primeiras percepções de vida procuramos uma definição de ser para nós mesmos! Ainda quando estávamos na mais tenra idade nos encantávamos com alguns personagens de histórias que nossos entes mais vividos contavam-nos.
Tais narrativas despertavam em nós o ardor de viver aquele personagem. Afinal de contas quem um dia não se imaginou voando e salvando o mundo ao lado do super herói ou da heroína? Quando ouvimos as bravuras de nossos pais ou avós eles se tornam nossos paradigmas momentaneamente. Isso é extraordinário, isso nada mais é do que “eu correndo em busca do eu mesmo!”
O tempo passa, as fictícias histórias se vão e ao passo que crescemos vemos nossos entes queridos morrendo, porque a vida é assim… Soterrados com eles todas as encantadoras histórias de heróis paradigmáticos, porém ilusórios são igualmente soterrados… Nascemos, crescemos e morremos e na ordem natural das coisas os que primeiro nascem primeiro também descem ao pó da terra.
A labuta dura, as realidades impiedosas junto as agruras que todos nós sofremos na vida chegam e aí sim, esse é o momento de perceber que seu herói preferido tão entusiasticamente ditado e alucinadamente aclamado de modo eletivo e incondicional de fato nunca existiu e agora é você e a vida.
E na vida quer seja homem ou mulher, impreterivelmente, a gosto ou a contragosto, você há de se perguntar; quem sou eu afinal? Nestas horas o alicerce constituído ao longo da vida voga. Já ouviu falar de crise de identidade? Afinal o que é uma identidade? Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: nome, idade, estado, profissão, sexo, defeitos físicos, impressões digitais, etc. O aspecto coletivo de um conjunto de características pelas quais o indivíduo é definitivamente reconhecível, ou conhecido: Em suma é conjunto constitutivo de um ser existencial que estabelece a sua personalidade. Tudo que um dia herdamos, aprendemos e fizemos nos dão uma identidade. O que você herdou? O que você aprendeu? O que você fez? Afinal quem é você hoje aqui e agora? Como as pessoas que te conhecem poderiam te definir ou o que você diria de si mesmo?
As crises existenciais estão em alta; inclusive, dados da Organização Mundial de Saúde estimam que daqui a aproximadamente 30 anos os problemas psicossomáticos serão mais letais que câncer ou AIDS. Os psicotrópicos são os mais vendidos em todo o mundo; será porque isso? Na verdade a sociedade mundial está em crise existencial, as pessoas não conseguem se encontrar consigo mesmas. Vivem cotidianamente num conflito interior e paulatinamente convivem com a voz subconsciente que ecoa no recôndito de suas almas inquietas que lhes proclamam impiedosamente as perguntas que não querem se calar: O que estou fazendo da minha vida? Será que vale mesmo a pena persistir expondo – me a estas lutas e tribulações? Até quando terei que suportar isso tudo? O que virá amanhã?
Se em meio ao caos da vida você sente que está perdido sem saber o que exatamente fazer, vivendo cada dia como se estivesse deixando um pedaço de si pra trás… Provavelmente você está vivendo uma crise de identidade ou uma crise existencial.
Se isso é uma realidade constatada insurge-se contra si mesmo outra pergunta que todos nós nestas horas evitamos fazê-la: Como vou superar isso tudo? Evitamos fazê-la porque se a fizermos estamos admitindo o que gostaríamos que fosse uma irrealidade.
Estamos vivendo tempos difíceis. Descontentamento, decepção, desconforto, desencorajamento, desespero, depressão, divórcio, discórdia, desdém, desgosto, dissensão e desobediência são bastante comuns até mesmo entre os que foram chamados para dar testemunho da glória de Deus e para refletir a imagem de Cristo.
Muitos têm buscado conselheiros profissionais e psicólogos para ajudá-los a resolver os problemas da vida, mas esses problemas parecem aumentar. Pessoas carregadas de problemas também podem escolher entre uma grande quantidade de produtos: livros, conferências e grupos de autoajuda; mas os problemas continuam se multiplicando.
Quanto mais se trata dos problemas, mais as pessoas se tornam centradas neles. Até aqueles que tentam resolver os problemas da vida com princípios bíblicos, muitas vezes acabam se envolvendo tanto nesses problemas que não alcançam a raiz da dificuldade real. O tratamento dos problemas frequentemente alcança somente os sintomas superficiais, apenas substituindo-os por outros sintomas.
Alguns vivem de crise em crise. Outros carregam um peso que parece ficar mais e mais pesado com o passar dos anos. Algumas frases nos fazem lembrar Jó em sua crise: “Maldito o dia que nasci”! Outras nos fazem lembrar Davi no auge de sua aflição: “Sou um cão morto, uma pulga no deserto”! O que não diríamos de Elias?“Já basta! Não sou melhor que meus pais; quero morrer”! Quanto ao desencanto do destemido Gideão quando desesperadamente malhava trigo no lagar para sustentar sua pobre família, oprimida e empobrecida pela presença dos Midianitas: “Se o Senhor é conosco; porque nos sobreveio esse mal”? Crises, crises e crises… Ufa! Você não é o único, nem eu!
Se tão somente confiarmos em Deus, assim como eles; nós também triunfaremos.
O que, mormente sentimos é a insegurança provocada pela desordem dos pensamentos que em busca de soluções práticas e eficazes que desfariam quaisquer que fossem as vicissitudes conturbadoras da alma cansada e afligida abruptamente por tal momento sombrio falham. Precisamos como já dito dantes confiar; mas como alcançar um porto seguro em um alto-mar bravio; visto que da nau não temos sequer o leme? Eis aí o X da questão; confiar em meio às adversidades…
Como isso seria possível, quando na verdade a essa altura da vida nem mesmo sabemos ao certo quem realmente somos, quanto mais o que fazer? Lidar com fé quando se vive uma crise de identidade em plena crise existencial é uma questão filosoficamente contraditória. Mas é exatamente aí que o mistério da fé se desenvolve, o apóstolo Paulo definiu a fé como sendo um mistério o que de fato o é.
Jó disse; eu sei que meu redentor vive, justamente no tempo de calamidade no qual amaldiçoou o dia em que nasceu e também declarou que para ele já não havia nenhuma esperança; em meio a este tenebroso e sombrio cenário de fracasso e desesperança lá estava uma intacta fé movendo-se no interior do servo de Deus, fé esta que o levou a vitória.
Poderíamos citar inúmeros exemplos tais como o de Jó, por exemplo; que tal trazermos a memória os nomes dos grandes heróis da fé que figuram na galeria de Hebreus capítulo 11? Pois bem; todos eles venceram pelo simples fato de terem compreendidos que são filhos de Deus; filhos de um Deus que Jamais ignora quaisquer que sejam os problemas e dilemas da vida. Ele chama-nos de filhos, isto nos dá uma identidade; quando nos faltar respaldo nesta vida devemos nos lembrar de nossa paternidade.
Somos filhos de Deus e consequentemente em nossas veias correm o DNA divino isso faz-nos herdeiros de todas as coisas com Cristo. Também demonstra que temos uma história uma linhagem, temos um passado, ou seja, sabemos de onde viemos, sabemos quem somos e que missão estamos a cumprir e também conhecemos nosso futuro. Mediante esta realidade constatada a grande pergunta que se faz é: Porque o desespero, abatimento, angústia incerteza, crise existencial e de identidade quando na verdade sabemos que temos uma garantia irrevogável? Descanse e confie; o pai celestial está sempre no controle; ele trabalha para aqueles que nele esperam!