“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue”. Atos 20.28/NVI
Aprendi que existe um preço alto a pagar no ministério pastoral e que nem todos desejam enfrentar este custo. Aprendi que existem pessoas que não ficam à vontade com seu sucesso. Aprendi que alguns “pastores” são lobos disfarçados de ovelhas: somente usufruem das benesses que o ministério pode trazer ou àquilo que eles de forma desonesta, conseguem abocar (Jr 23.1-2; Ez 34.2-3). Aprendi que nem todos são ovelhas. Aprendi que alguns podem ser bem piores na igreja do que os que estão fora dela (I Co 5.11). Aprendi que enquanto alguns fazem tudo para fortalecer a obra de Deus, outros fazem para prejudicá-la. Por isso que Charles Swindoll disse que “os bons líderes devem ter a pele grossa”. Aprendi que alguns transformam a causa de Deus em um brinquedo que eles montam e desmontam sem nenhum temor diante do Pai. Aprendi que alguns são irreconciliáveis por teimosia. Aprendi que nem todos são honestos. Aprendi que alguns, mesmo desfrutando do ambiente da comunidade de fé permanecem amofinando a si mesmos e aos outros (Hb 12.14-15). Aprendi que perdoar como princípio bíblico é algo fora de questão para muitos (Lc 17.3-4). Como disse de forma enfática John F. MacArthur: “A igreja está repleta de impostores”. Aprendi que pastorear – por todos os motivos mencionados acima – está distante de ser uma coisa fácil e tranqüila (I Co 4.10-13).
Descobri que existem pessoas – ovelhas – amáveis (Fl 4.14-17). Descobri que os melhores anos de minha vida têm sido no ministério pastoral. Descobri que pastorear é abençoar pessoas. Descobri que pastorear é participar da construção de vidas (I Pe 2.25). Descobri que pastorear é crer que Deus supre todas as minhas necessidades quando estou olhando para as necessidades dos outros (Fl 4.13;19). Descobri que pastorear é ser um exemplo para os fiéis (I Tm 4.12). Descobri que pastorear é compartilhar o evangelho que transforma todo aquele que crê (Rm 1.16). Descobri que pastorear é fazer diferença na vida do outro. Descobri que pastorear é depender totalmente de Deus. Descobri que pastorear é olhar com os olhos de Deus para os que não estão sendo vistos pelo mundo.
Percebi ao longo dos anos no serviço pastoral – aconselhando, ensinando, exortando, consolando, pregando, visitando e orando – minha própria fragilidade e deficiência (Is 6.5). Percebi nas lutas e nos problemas alheios minha humanidade e fraqueza. Percebi que ser pastor é encarar meus próprios limites (II Co 12.7-10). Percebi que em vários momentos de minha caminhada de fé posso ser pastoreado por aqueles que chamo de ovelhas: isso acontece quando oram por mim, me ajudam em alguma necessidade, me abençoam com palavras e choram comigo. Percebi que o “ungidão” é um mito que se destrói a cada momento no meio do povo de Deus. Percebi que sou ungido por Deus (II Co 1.21; I Jo 2.20), por Seu Espírito e separado pela graça de Deus para realizar o ministério (Ef 4.11).
Constatei que preciso criar mais anticorpos contra os boateiros, eles ainda me abatem profundamente, pois não considero tal comportamento aceitável para os discípulos de Jesus (II Tm 2.14-17). Constatei que preciso criar mais anticorpos contra a falta de respeito a mim e àqueles que lideram no Senhor (I Ts 5.12-13). Constatei que preciso criar mais anticorpos contra o comportamento carnal daqueles que parecem não saber a quem pertencem e servem (Mt 12.30; Gl 5.19-21).
Desejo continuar como quem vê o invisível (Hb 11.27). Desejo continuar como aquele que sonha os sonhos de Deus. Desejo continuar como quem pertence ao reino do Pai. Desejo continuar como aquele que tem um chamado especial (Rm 1.1; I Pe 5.2-3). Desejo continuar como quem escolheu o caminho do amor e que o traduz na prática, pois “o amor que não leva à ação não é amor”, disse Brennan Manning. Desejo continuar como quem agrega e não espalha. Desejo continuar como quem faz a vontade do Deus Eterno (Jo 20.21). Desejo continuar como um colaborador no reino de Deus (I Co 3.9). Desejo continuar como aquele que é pastoreado por Deus (Sl 23.1-2; I Pe 5.4).