No contexto evangélico, os pais trazem a criança diante da congregação para dedicá-la a Deus

 

Por Monique Suriano
A apresentação de bebês na igreja evangélica é uma prática comum, mas muitas vezes gera dúvidas, especialmente quando comparada ao batismo infantil no catolicismo. Embora ambos os rituais tenham o objetivo de consagrar a vida da criança a Deus, as tradições e significados por trás dessas cerimônias divergem consideravelmente.

No contexto evangélico, a apresentação de bebês não é um sacramento, mas um ato simbólico em que os pais trazem a criança diante da congregação para dedicá-la a Deus e pedir a bênção divina sobre sua vida. O pastor João Alves, da Igreja Assembleia de Deus da Lapa, explica: “A apresentação de bebês é um momento em que os pais reconhecem que seus filhos são um presente de Deus. Eles se comprometem a criá-los nos caminhos do Senhor, ensinando-os a seguir os ensinamentos bíblicos desde cedo. Não acreditamos que a apresentação confere salvação, mas sim que é uma maneira de consagrar a criança a Deus.”

Essa perspectiva está enraizada em passagens bíblicas como 1 Samuel 1:27-28, onde Ana apresenta seu filho Samuel ao Senhor como uma forma de cumprir o voto que fez a Deus. A cerimônia é mais uma declaração pública de compromisso dos pais em criar a criança dentro dos princípios cristãos do que um rito de iniciação.

Em contraste, o batismo infantil no catolicismo é considerado um sacramento essencial para a salvação. A Igreja Católica acredita que, por meio do batismo, a criança é purificada do pecado original e iniciada na vida cristã. O padre José Ricardo, da Paróquia São José, esclarece: “No batismo, acreditamos que a criança recebe a graça santificante e se torna membro da Igreja de Cristo. É o primeiro passo na jornada espiritual, marcado pela inserção na comunidade cristã e pela promessa de seguir a fé católica.”

Essa prática é sustentada por passagens como João 3:5, onde Jesus diz: “Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” A Igreja Católica entende que o batismo é uma necessidade espiritual, independentemente da idade, para garantir a salvação.

Embora ambos os rituais envolvam a introdução de uma nova vida à fé, as diferenças teológicas e práticas são claras. Para os evangélicos, a salvação é um ato consciente de fé que deve ser realizado quando a pessoa é capaz de compreender e aceitar Jesus como seu Salvador pessoal. Já no catolicismo, o batismo infantil é visto como uma forma de assegurar a graça divina desde o início da vida.

A escolha entre a apresentação e o batismo reflete, portanto, diferenças fundamentais na compreensão da salvação, do pecado original e do papel dos sacramentos na vida cristã. Em ambas as tradições, no entanto, o que permanece central é o desejo de que a criança cresça sob a proteção e orientação de Deus, sendo criada em um ambiente de fé e amor.