“Nunca se esqueça de que Deus está acima de todas as coisas. Faça por onde que Deus te ajudará!”

Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br

Ele nasceu e cresceu no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio. Criado em berço evangélico, começou a tocar bateria aos cinco anos de idade, no tempo em que as baquetas pareciam enormes e os pés quase não alcançavam os pedais. Com o apoio dos pais e muita dedicação, ele se tornou referência na música gospel, e aos 28 anos de idade já visitou Portugal, Espanha, Suíça, Itália, Bélgica, EUA e Japão através da música. Nomes como Shirley Carvalhaes, J. Neto, Alex Gonzaga, Álvaro Tito, Chris Duran, Rose Nascimento, Mattos Nascimento, Toque no Altar, e Fernandinho, fazem parte do seu currículo. Estamos falando do baterista Felipe Alves, que além de bom profissional é também um grande homem de Deus. Na entrevista que segue ele revela como surgiu o interesse pela bateria, fala sobre carreira, e ainda dá dicas de como alcançar o sucesso.

JRE: Quando você se deu conta de que era convertido
Felipe Alves: Tive o privilégio de nascer em lar evangélico, crescendo, ouvindo e aprendendo a Palavra de Deus junto com os meus queridos pais Osvaldo Luiz e Quedima Rocha. Mas acredito todos os dias eu me converto, pois conversão significa mudança de direção, mudança de atitude! A cada dia temos que nos converter mais um pouco, porque isso é um processo diário e continuo. Ninguém pode afirmar que é totalmente convertido porque senão essa pessoa não precisaria vigiar, só orar. Além do mais, o que essa pessoa estaria fazendo na terra? Deus o já teria tomado para si. E eu, como levita, preciso  converter meu coração ao Senhor e entrar em arrependimento, com Jejuns e choro, como diz no livro do profeta Joel 2:12,13.

JRE: Quando surgiu o interesse pela bateria?
Felipe Alves: Esse interesse surgiu aos cinco anos de idade. Cresci em uma família musical e meus pais descobriram em mim um talento, um dom concedido por Deus através da música. Mas até então eu não sabia qual o instrumento eu iria escolher. Na época meu pai tinha um banda chamada Hebrom, e certo dia em uma de suas apresentações num brizolão- naquela época muitos eventos evangélicos se realizavam em brizolões e ao ar livre nas praças- algo me chamou a atenção ao ver um rapaz executando um instrumento, adivinha qual foi? a bateria. De acordo com meus pais, quando bati os olhos foi amor a primeira vista. Logo quis tocar. Implorei minha mãe para sentar na batoceria, mas ela não deixou. A partir deste dia, toda vez que via uma bateria queria tocar. De tanto eu insistir, minha mãe arrumou um jeitinho e sempre que terminava os ensaios do grupo Hebrom ela me deixava tocar. Sou muito grato aos meus pais tudo que fizeram por mim.

JRE: E depois?
Felipe Alves: Depois comecei a  praticar bateria nos cultos, acompanhando os hinos da Harpa Cristã. Com seis anos, quando as baquetas eram enormes e eu ainda não alcançava direito os pedais, tive a honra de acompanhar uma música para o Pastor Vitorino Silva. Se naquela época eu soubesse para quem estava tocando, ficaria com as pernas bambas (risos). Para acompanhar um cantor como esse, somente um bom profissional.

Como você aprendeu a tocar profissionalmente?
Minha primeira formação musical foi  autodidata seguida por etapas de estudos. Comecei a desenvolver esse talento ouvindo diversas músicas, pesquisando. O baixista Rogério de Almeida e o baterista Elias me ensinaram as primeiras técnicas para bateria. A maestrina Edna e o maestro Marcos Cordeiro também me ajudaram na prática de tocar em orquestras, cantatas e corais. Depois conclui o curso técnico na Escola de Música Villa Lobos, onde estudei Harmonia e Leitura Métrica para bateria. A partir daí passei a conhecer músicos e produtores musicais, iniciando assim uma carreira  profissional. Com influências de Jazz, MPB, Pop, Erudito, Music Black e Pop Rock passei a ser requisitado como “Sideman”, para shows e gravações no meio Gospel.

Quais foram os cantores com quem você já cantou?
Trabalhei com diversos cantores do seguimento gospel como Toque no Altar, Fernandinho, Chris Duran, Melosweet, Rose Nascimento, Ron Kenoly (EUA), Robinson Monteiro, Nádia Santolli,  Eyshila, Mattos Nascimento, Shirley Carvalhaes, Lenno Maia, Tereza Legory (Itália), Ricardo Robortela, J. Neto, Novo Som, Gisele Nascimento,  Alex Gonzaga,  Edu porto, Álvaro Tito, Baby do Brasil, entre outros. Também  atuei ao lado de grande nomes da música instrumental brasileira como Paschoal Meireles, Nelson Farias, Claudio Daeulseberg, Robertinho Silva, Adriano Souza, Ney Conceição, Big Band Rio Jazz, Orquestra Villa-lobos, Léo de Freitas, Julio Melino, Rafael Castilhol, Sérgio Galvão, Valmir Bessa, Josué Lopez, Bruno Aguilar, Sérgio Assunção, Marcos Natto, Diogo Bronw (EUA), Camilo Mariano, Marcio Bahia, Edu Ribeiro, Thiago Espirito Santo, Nenê, Arimatéia, Marcos Bomfin, e por aí vai.

Quais foram os principais trabalhos que você participou?
Dentre muitos trabalhos importantes, destaco o Ministério de Louvor Toque no Altar, onde comecei a atuar além de baterista como arranjador e compositor. Gravei três CD’s- totalizando mais de um milhão de cópias vendidas- e um DVD – mais de 200 mil cópias.  Destaque para o CD “A Vitória da Fé”, lançado em 2009, pelo qual atuei como produtor musical. Algumas de minhas gravações e composições receberam indicações no Troféu Talento e  no Grammy Latino em 2008 como melhor álbum do ano em suas respectivas categorias.

Você um dia imaginou que se tornaria uma referência da música gospel?
Não. Mas se isso de fato é verdade, considero como um favor de Deus sobre a minha vida. Sempre tenho em minha consciência o que está escrito em Romanos 12, sobre não nos acharmos melhores que os outros. Mas me sinto honrado pelo carinho e respeito das pessoas que reconhecem o meu trabalho.

Qual o segredo do sucesso?
Para mim existem alguns fatores importantes: amar a Deus, praticar a justiça, ter humildade, honrar pai e mãe, ser obediente, e fazer as coisas com ordem e decência.

O que a música significa para você?
Música é vida, música é arte, música é um presente de Deus para o mundo!!!

Que conselho você deixa para essa garotada que admira o seu trabalho e deseja investir nessa carreira?
Deus, como pai, ama realizar os sonhos dos seus filhos. Se você tem um sonho, lute por ele! Estude, pesquise, ouça, sirva a Deus de todo o seu coração, pratique seu instrumento, invista em seus equipamentos (deixo aqui minhas referências: bateria Gretsch, baquetas Alba e pratos Bosphorus). E NUNCA se esqueça de que Deus está acima de todas as coisas. Faça por onde que Deus te ajudará!