Não recordo muito da minha infância, só o fato de que fui desejada e esperada como um menino e acabei tendo que usar muitas roupinhas azuis, pois a maior parte do enxoval era de menino. Na adolescência eu era uma menina muito fechada, vivia num mundo particular, onde eu achava que ninguém poderia me machucar. Convivi com muitas violências domésticas. E a separação dos meus pais foi o estopim da minha guerra interior. Achava que todos os homens eram maus e que eu não poderia jamais confiar neles.

Aos 16 anos enveredei pelos caminhos da homossexualidade, me parecia que as mulheres eram mais carinhosas e como minha carência por afeto era imensa acabei procurando de forma errada preencher o vazio afetivo que havia em mim. Aos 17 anos tive minha primeira experiência com uma mulher e dali para frente não parei mais. Eu era agressiva e prepotente, vesti-a me como homem, e amava provocar o mundo. Na verdade queria chamar atenção. Bebia, fumava e cheguei a usar drogas. Gostava de entrar em cemitério para tirar fotos, me cortava com cacos de vidro para me punir por gostar de meninas. Tentava ser aceita, mas no fundo eu mesma não me aceitava.

Dos 15 anos que passei no homossexualismo, 10 me afundei ainda mais na prática pecaminosa. Tive um encontro com Jesus em 2009 e então iniciei uma luta intensa pela libertação. Durante cinco anos houve muita lágrima, muita queda e muito sofrimento. Estava num rodízio entre céu e inferno, igreja e mundo. Cai mais de 20 vezes durante a caminhada, tive muitos ajudadores, fui muito amada pelos irmãos da igreja, muitos deles desistiram de mim pelo caminho, mas Deus não me deixava desistir, pois eu sabia que o Deus que eu tinha conhecido era o Deus do impossível e essa esperança ardia em mim. Todas as vezes que eu caí fui tentada a desistir, e o diabo dizia que não tinha jeito e que eu era assim, mas eu, mesmo caída, me negava a acreditar naquela mentira.

Cada pessoa que me ajudou contribui um pouco para minha mudança nesses cinco anos. Aos poucos fui me tornando mais feminina, fui voltando a ser uma menina em contato com a própria feminilidade, fui me reencontrando com aquilo que Deus fez, uma obra prima do Senhor. Minha libertação total veio a partir do momento que tomei posse da Palavra do Senhor: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” João 8:32 e “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” João 8:36.

Quando eu entendi que Jesus poderia me libertar 100% e verdadeiramente, ai ninguém me segurou mais… Eu declarei em alto e bom som: “eu tomo posse dessa Palavra na minha vida, em Cristo posso vencer a mim mesma, o mundo e o maligno.” Hoje tenho tranquilidade pra falar sobre esse assunto. Cada queda, cada lágrima, cada angústia, foi permissão de Deus.

 

 

Sei de onde Deus me tirou. Deus me permitiu passar por tudo isso para que hoje eu estivesse