A China vem travando uma batalha contra diferentes grupos religiosos, tendo impedido mais de 20 seitas de atuarem no país. Desde agosto está em julgamento um assassinato por motivação religiosa que gerou muita polêmica.

Wu Shuoyan, 37 anos, foi espancada até a morte dentro de um McDonald’s na cidade de Zhaoyuan, província de Shandong. O motivo é banal: ela não quis dar o número de seu telefone celular para os membros da seita Quannengshen [Igreja de Deus Todo Poderoso, tradução livre], também conhecida por Eastern Lightening [Trovão do Oriente]. A senhora Wu teria se aproximado dos seus assassinos por causa da religião, mas depois se afastou.

Esta seita com estranhos ensinamentos surgiu no início da década de 1990. O professor de física Zhao Weisha uniu-se a Yang Xiangbin, que havia escrito o livro “Trovão do Oriente”, uma espécie de “versão chinesa” da vida de Cristo. E mais, Xiangbin afirma ser nada menos que a reencarnação de Jesus. Os dois hoje vivem em Nova York, após pedirem asilo diplomático aos EUA.

Eles alegam ter um milhão de fiéis seguindo a seita. Acredita-se que já conta com grupos de seguidores em diferentes partes do mundo, especialmente onde existem colônias de chineses. Segundo relatos, os que aderem a essa “igreja” abandonam tudo, inclusive suas próprias famílias. Há relatos de ex-membros que esse grupo religioso usa até estranhos métodos de sedução sexual para atrair novos convertidos.

Com a atenção que tem recebido por causa do assassinato, os cinco acusados do crime têm recebido espaço na mídia. Zhang Lidong, vendedor desempregado que foi filmado pelas câmeras de segurança usando uma vassoura para espancar a mulher dentro da lanchonete, defendeu-se dizendo: “ela era um monstro. Tinha um espírito diabólico. Merecia morrer. Nós não temos medo da lei porque temos fé em Deus”.

Como o Quannengshen ensina o ódio ao Partido Comunista que governa o país, as autoridades chinesas querem fazer um julgamento exemplar. Segundo o jornal Washington Post, “no início, parece Cristianismo. Somente depois de um tempo ensinam aos membros que Yang é filha de Deus Todo-Poderoso encarnada. Começam então as ameaças para os que abandonem o culto”.

Na literatura preparada pela seita, seus líderes do culto dizem aos “escolhidos” que devem estar preparados para “sacrificar as suas vidas” e que seu “objetivo final” é acabar com o Partido Comunista, chamado de “o Grande Dragão”, numa menção a Apocalipse.

Por mais estranho que possa parecer para os cristãos ocidentais, esse tipo de situação gera muita confusão para os cristãos chineses, que acabam sendo associados pela mídia com grupos que usam de forma leviana e enganosa o nome de Jesus.