Pastora Helena Raquel concede entrevista ao JRE e deixa dicas importantes para os novos pregadores.

Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br

O JRE aproveitou a passagem da pastora Helena Raquel pelo Congresso de Jovens da Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz (Cadesc) na segunda-feira, dia 13 de julho, para conhecer mais sobre a vida e o ministério de uma das pregadoras mais respeitadas do país. Durante a entrevista concedida momentos depois de uma impactante ministração sobre a história de José, Helena falou sobre o início da sua vida ministerial, revelou experiências marcantes e ainda contou como prepara suas mensagens deixando dicas importantes para os novos pregadores. Leia na íntegra!

JRE: Como foi o início da sua caminhada cristã?
Prª Helena Raquel: Eu nasci em um lar cristão no ano de 1978, no período em que o Brasil estava experimentando um nível de avivamento bastante interessante; que era o surgimento das primeiras igrejas neopentecostais e suas cruzadas evangelísticas. E os meus pais foram alcançados por uma cruzada dessas. Eles se converteram ainda como namorados, e a partir da vida deles, Deus trouxe também o restante da família; de modo que o Senhor salvou meus avós, bisavós, tios, primos, etc. Com seis anos de idade meu avô comprou uma caixa de som e um microfone para eu pregar para o povo de casa. Eu ficava na varanda com microfone na mão pregando só mensagens tremendas de exortação (risos). Aquela coisa de criança realmente: “Não minta!”, “Não veja novela!”, “Seja exemplo!” e a coisa foi se desenvolvendo. Fui batizada nas águas quando eu tinha 11 anos, com 12 anos Jesus me batizou com Espírito Santo, aos 13 anos Deus me deu o dom de profetizar, e com 14 anos eu fui convidada para pregar na primeira igreja.  Eu fui, preguei, e já faz 23 anos que eu estou pregando.

JRE: Quais foram os lugares mais marcantes em que você ministrou a Palavra de Deus?
Prª Helena Raquel: Eu tive uma experiência marcante na minha juventude, quando fui pregar numa igreja muito humilde em um lugar chamado Quilombo, em Campos dos Goytacazes. Eu tive ali uma experiência muito profunda com Deus. Eu enxerguei meu chamado de outra maneira; vi o quanto Deus queria me usar para pessoas diferentes, de fora do meu grupo de convivência. Foi um lugar que marcou muito a minha vida, eu repensei muita coisa naqueles dias. Eu olhava para o céu naquele interior com pouca luz elétrica e as estrelas pareciam mais perto. Eu saí de lá com algumas decisões importantes na minha vida e no meu ministério.
Outro lugar que me marcou profundamente foi ter sido escolhida como a única mulher a pregar na Celebração do Centenário da Igreja Assembleia de Deus no Brasil, em Belém do Pará.
O pastor Samuel Câmara teve a ousadia de por uma mulher para pregar na abertura da festa. Eu preguei para aproximadamente 60 mil assembleianos, e naquele momento eu me senti representando muitas mulheres que construíram essa nossa história; mulheres cantineiras, mulheres missionárias; professoras de Escolha Bíblica Dominical. E para outra mulher viver isso vai ter que esperar 100 anos (risos).

JRE: Como a senhora prepara suas pregações?
Prª Helena Raquel: Eu tenho a decisão de ler a Bíblia todos os dias.  O meu primeiro horário é dedicado a leitura da Bíblia e nesse horário eu não atendo nem pai, nem mãe, nem emergência, porque é o momento que eu estou lendo a Bíblia e falando com Deus. Nessa leitura diária, normalmente o Espírito Santo faz algumas coisas saltarem da Bíblia. Eu costumo dizer que os versículos pulam em cima de mim, e quando eles pulam eu percebo que Deus quer me falar mais por essa palavra, então eu grifo e logo na primeira oportunidade de estudo eu volto àquela palavra. Normalmente eu estudo a Bíblia uma ou duas vezes por semana de maneira sistemática, com o uso de livros. Minha leitura bíblica é diária, mas a intenção de confeccionar um esboço só quando Deus diz que é o momento, isso acontece em média de uma a duas vezes na semana. Mas às vezes um esboço para ser gerado demora algumas semanas, alguns meses até.

Que dica a senhora deixa para as pessoas que querem ter um ministério de pregação abençoado e frutífero como o seu?
Ouça, ore, e leia antes de pregar! A fala está ligada a audição; quem não ouve, não fala, emite sons desconexos. Infelizmente a gente vê muitas pessoas por aí com sons desconexos. Mas não é porque não sabem falar, é porque não aprenderam a ouvir. Então ouça, ouça seu pastor, ouça o seu líder, ouça outros pregadores. Ore e leia, que na hora certa Deus vai te impulsionar. Quando a gente quebra essas etapas de oração, leitura, e audição, o ministério precoce pode trazer muitos prejuízos.

Como é lidar com a vaidade quando se tem tanto prestígio?
É uma situação que exige extrema responsabilidade. Quando você se torna referência para outras pessoas, você não decide ou caminha pensando só em você porque suas atitudes vão repercutir na vida dos outros.  A ameaça da vaidade, da soberba, da vanglória… vai vir sempre. Satanás lança esse tipo de seta. Um dia eu tinha acabado de pregar em uma igreja e várias pessoas vieram falar comigo, me abraçar, coisa normal, quando de repente veio uma senhora e disse pra mim: “você é perfeita!”. Eu senti um impacto no meu coração e percebi que aquilo não era uma voz humana, era uma voz que subiu do abismo querendo me convencer de uma coisa que eu sei que é mentira. Naquele momento eu repreendi aquilo no meu coração e disse a ela que não era perfeita. Então a vaidade, a soberba..  é uma tentação, mas quando você sabe quem você é: pequeno, falho… e sabe quem Deus é: grande, poderoso… você consegue vencer a tentação.

Qual foi sua maior experiência com Deus?
A minha principal experiência com Deus foi aos 13 anos de idade, quando eu sofri um ataque espiritual muito profundo que me deixou doente. Então minha mãe decidiu fazer uma campanha pela minha vida durante sete semanas com um grupo de irmãs wesleyanas. Foram sete sextas-feiras muito desgastantes, mas minha mãe perseverou me levando. No último dia da campanha, as irmãs clamaram pela minha vida decretando o fim daquele mal.  Eu cheguei em casa e senti como se aquele mal quisesse voltar, então eu fiquei sob a palavra das irmãs e comecei a cantar uma canção antiga que diz: “Ele não resistiu o sangue de Jesus;
Que sobre mim desceu; Ele correu, ele correu e o vencedor fui eu”.  Depois desse dia eu já fiquei doente, triste, já fiquei decepcionada… mas oprimida nunca mais! Foi uma corrente que a partir dali se quebrou definitivamente nas minhas emoções.

Como você consegue conciliar a vida familiar com a ministerial?
Primeiro que eu e meu esposo somos extremamente cúmplices, parceiros. O Eliomar quer a mesma coisa que eu quero, nós estamos olhando na mesma direção. Existem muitos casais que andam juntos, mas que estão olhando para direções diferentes. Aproveito aqui para dar um conselho aos jovens, para que conversem sobre isso antes do casamento. Mas a nossa vida é juntos, eu não deixo o Eliomar para me dedicar à obra, ele está comigo dedicado as mesmas coisas e isso é um adianto incrível, porque aí não tem essa coisa de um tempo só nosso, o tempo é sempre nosso. Claro que às vezes é só nosso no sentido de casal, de entretenimento, mas a gente está sempre junto. Agora tem o lado sacrificial, para que eu consiga comportar isso tudo eu não faço nada que é desnecessário. Na minha rotina eu não tenho tempo sobrando para perder com as redes sociais, por exemplo. Como eu não dirijo, eu deixo para mandar mensagem, gravar vídeo, usar as redes sociais quando estamos indo ou vindo de algum lugar que é momento ocioso. Mas eu não tenho tempo para desperdiçar, meu tempo obedece alguns métodos eu não tenho como fugir deles.