Ele fala sobre o início da caminhada cristã, sua atuação na política, e ainda dá dicas de como conquistar o sucesso profissional

Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br

Proprietário da Rádio 93 FM, uma das rádios do segmento gospel com maior audiência do país, executivo do Grupo MK Music e Deputado Federal desde 1983, Arolde de Oliveira é o entrevistado desta edição no JRE. O gaúcho de 77 anos, membro da Primeira Igreja Batista do Recreio dos Bandeirantes, abre o coração e fala sobre o início da caminhada cristã, sua atuação na política, e ainda dá dicas de como conquistar o sucesso profissional.

Arolde de Oliveira é membro da Executiva Nacional do Partido Social Democrático (PSD) e luta contra a legalização do aborto, regulamentação da prostituição, descriminalização das drogas, criminalização da homofobia, entre outros projetos de Lei. O engenheiro formado pelo Instituto Militar de Engenharia (1965) e economista pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro (1968) é casado com Yvelise de Oliveira e pai de Marina de Oliveira.

JRE: Como sua caminhada cristã começou?
Arolde de Oliveira: Foi em 1981, quando eu estava fazendo curso da Escola Superior de Guerra e tinha dois colegas Batistas, o pastor Nilson do Amaral Fanini da Primeira Igreja Batista de Niterói, e o pastor Irlan Pereira de Azevedo da Primeira Igreja Batista de São Paulo. Foi através deles que comecei a frequentar os cultos junto de minha esposa Yvelise lá na PIB de Niterói. Um dia de culto normal, eu tive uma experiência espiritual diferente e naquele mesmo dia houve o apelo, e dali em diante não me desviei mais do caminho.

JRE: Como foram seus primeiros passos como cristão?
Arolde de Oliveira: Meu processo de conversão aconteceu de forma entusiasmada, pois comecei a ter práticas habituais da leitura bíblica, a entender o evangelho para os homens e a fantástica missão de Jesus Cristo com o perfeito plano da Salvação. Foi algo interessante, porque eu era Engenheiro, tive uma formação acadêmica de muitos anos de Universidade, havia voltado dos Estados Unidos onde exerci um cargo muito importante lá, e atualmente estava dirigindo o departamento Nacional de Telecomunicações aqui no Brasil. Essa minha posição deixava as pessoas muito surpresas. Muitos se perguntavam: como pode um homem tão erudito ter se convertido, ele não tem nenhum perfil de crente. Pois naquela época os evangélicos eram exatamente as pessoas das classes sociais menos favorecidas intelectualmente, educacionalmente, financeiramente, enfim, era a classe menos favorecida em todos os quesitos. A grande maioria desses crentes tinham se convertido, pois buscavam resolver problemas pessoais, financeiros entre outros. E esse era o grande preconceito da Época.

JRE: Qual era o contexto do cristianismo nessa época?
Arolde de Oliveira: No tempo em que eu me converti, o pastor Fanini já era um grande pregador nacional e internacional, e o Brasil estava passando por um grande avivamento espiritual com a vinda do pastor e pregador Billy Graham. Nessa mesma época nós participamos de um programa onde distribuímos 25 milhões de novos testamentos no Brasil. O projeto era dar um novo testamento para cada residência, para cada família. Nessa época, igrejas como a Asssembleia de Deus liderada pelo pastor Paulo Leivas Macalão faziam muitas cruzadas evangelísticas.  Existiam aproximadamente cerca de sete milhões de evangélicos no país, estou falando de 1980. Com esses movimentos de evangelismo de cruzadas, em 1990 tínhamos 14 milhões, quer dizer que dobramos em 10 anos. Em 2000 dobrou mais uma vez, éramos 28 milhões. Em 2010 chegamos aos 44 milhões e hoje estamos em volta de 50 a 54 milhões de evangélicos no país, quer dizer 25% da população do País.

Como surgiu a MK Music?
Assim que retornamos dos Estados Unidos, a Yvelise iniciou um negócio de moda praia, uma fábrica de biquínis. O negócio tomou uma proporção muito grande e abrimos várias fábricas para vender para todo o Brasil, Europa e algumas regiões dos Estados Unidos, principalmente na Flórida. Mas em 1990 quando o presidente Collor assumiu, ele tomou várias medidas de abertura da economia brasileira e com essa abertura nós passamos a ter concorrência que eram chamados na época de Tigres Asiáticos nessa área de lycra, e o negócio começou a patinar. Nós desativamos as fábricas e com os recursos que tínhamos decidimos investir em novos empreendimentos, foi quando decidimos optar pela rádio, que não foi uma concessão gratuita, ela foi comprada. Nós também investimos na MK, uma empresa que já havia sido criada pela Marina em 1987para vender os CD´s dela.  Em maio de 92 nós mudamos o nome da rádio, que se chamava Rádio Nacional e passou a se chamar Rádio El Shaday, que quer dizer Deus Todo Poderoso, aí começamos a fazer os primeiros contratos de novos cantores para a MK e a nossa história começou. A grande transformação que a MK fez no mercado fonográfico evangélico foi a profissionalização. Os cantores tinham que ter os seus contratos, os compositores tinham que receber os seus direitos autorais, enfim, os advogados começaram a elaborar os contratos e nós então profissionalizamos todos os setores.

Qual foi o segredo para esse sucesso todo?
Duas coisas são fundamentais: o primeiro é o compromisso cristão e o segundo é fazer as coisas de acordo com o compromisso cristão. Precisamos fazer todas as coisas bem certas, é lógico que não estou dizendo que não erro, mas estou me referindo aos compromissos. Se temos que pagar imposto, vamos pagar imposto. Então acredito que esse é um dos principais motivos pelo qual nos tornamos essa referência no mercado durante tantos anos.

Qual foi o momento mais difícil da sua vida?
Eu perdi um filho e um genro no mesmo acidente, esse foi um momento muito triste para toda a família. Mas superamos, porque está escrito em João 16.33 “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.

Existe algum sonho ou objetivo de vida que ainda não foi alcançado?
Eu estou praticamente concluindo os meus ideais de vida. Sempre fui um sonhador, sonhei muito com as coisas e posso dizer que me realizei pessoal, familiar e profissionalmente falando, pela misericórdia de Deus. Se mais longe não fui é porque essa não era a vontade de Deus para mim. Agora, tive muita ajuda dos meus anjos. Muitas pessoas possuem anjos na vida, que não é apenas um ser que vem batendo assas e fala contigo, anjos são também pessoas como eu e você que sem mais nem menos fazem um bem, seja um abraço, uma palavra, um gesto no momento certo e aquilo mexe completamente contigo mudando completamente o curso da sua vida. Eu tive muitos anjos na minha vida.

Algum anjo em especial?
Eu sou natural do Rio Grande do Sul, fui para Porto Alegre quando era menino pobre ainda. Meu pai tinha muita dificuldade e eu fiz um concurso para a Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre e no primeiro ano quando eu estava para ser desligado da escola, por falta de aproveitamento intelectual, um anjo apareceu na minha vida. Foi um Major que era professor de Química de outras turmas, não da minha turma, mais era ele quem corrigia as provas e eu não sei por que, mas um dia ele me chamou para conversar e disse: aluno, você está para ser desligado da escola por falta de aproveitamento e eu quero saber se você tem disponibilidade para ir na minha casa receber umas orientações, pois percebo que você conhece as questões, sabe do assunto, só não está sabendo expor o conteúdo. Então durante 15 dias, 2 horas por dia, eu estudei com ele. Na prova seguinte eu já me saí muito bem e consegui me formar na Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre.

Quando a política surgiu na sua vida?
Na verdade ela não surgiu, ela nasceu racionalmente. Quando eu estava nos Estados Unidos, havia uma faculdade chamada George Stone Universidad, onde existiam grupos de estudo, que estudavam os países do mundo. E os brasilianistas eram as pessoas que estudavam o Brasil, e aqui tinha um ministro que era meu amigo chamado Mario Henrique Simonsen, que era patrono de um grupo desses. Foi através dele que participei de um grupo desses e quando estava próximo de eu vir embora- nós aqui estávamos vivendo a Ditadura Militar em 1970, 71- eles me ofereceram um jantar e nesse jantar eles falaram que a política no Brasil iria se transformar, então percebi que deveria me inclinar para isso. O curso na Escola Militar Superior de Guerra me preparou para isso, não para ser Deputado Federal, pois sou racional quanto a isso, mas em questão as diretrizes a serem tomadas. Bom, desde 1992 estou aqui.

Qual a sua orientação para as próximas eleições?
O único instrumento para a transformação da sociedade, seja para o bem ou para mal, é a política. Toda sociedade no mundo, você pode estudar todas elas, foi modificada tanto para melhor quanto para pior através da política. A política é o instrumento social da vida num todo, para que seja possível viver em sociedade. É inadmissível pessoas de bem negarem a se envolver com a política, pois quando os bons se calam os maus tomam conta. Então como a política é o único instrumento, vai depender de quem vamos ou não colocar lá para governar. Hoje inventaram cartilhas para as escolas mostrando homem com homem e mulher com mulher, incentivando os nossos pequeninos na prática do homossexualismo infantil. A liderança evangélica tendo consciência disso não pode deixar de votar em homens com comprometimento cristão para que eles impeçam que os verdadeiros valores sejam dispersos da sociedade.