SAIBA MAIS SOBRE O QUE É SER UM PREGADOR ITINERANTE

Por Monique Suriano
moniquesuriano@yahoo.com.br

Embora filiado a uma denominação evangélica, o pregador itinerante é aquele que tem o dom e a chamada para ministrar a Palavra de Deus em diferentes lugares e denominações. Nos dias atuais há uma explosão de pregadores itinerantes. Mas se por um lado existem jovens fervorosos e compromissados em cumprir a Grande Comissão, por outro, alguns estão mais encantados com a perspectiva das multidões e da fama do que com a salvação das almas.

A verdade é que está intrínseco na própria natureza do homem este desejo por afirmação e reconhecimento e isso tem levado muitos pregadores a perder a visão do reino, deixando de viver a Palavra que pregam, para buscar seus próprios interesses, que na sua grande maioria são financeiros, sentimentais e de poder.

Para falar sobre o assunto, convidados o Pastor Gilson Arsenio, presidente da Igreja Assembleia de Deus do Correia. Ele foi um dos primeiros pregadores itinerantes a surgir em Campo Grande e um dos poucos que ao longo dos anos manteve sua conduta ilibada. Pastor Gilson começou a pregar ainda adolescente, com a experiência que adquiriu, ele ensina a maneira certa de como ter êxito no ministério. Leia na íntegra.

JRE: O que o senhor acha dos irmãos que se tornam pregadores para conquistar fama, dinheiro e popularidade?
Pr. Gilson Arsenio:
Esse pregador é aquele que se acha um artista. Ele tem o púlpito como se fosse uma televisão, ele precisa ser visto pelo povo. Nós temos hoje muitos homens fiéis e sinceros que levam a obra de Deus a sério, mas há muitos que perguntam o tamanho da igreja, quantos membros ela tem, quem vai cantar antes dele, e qual o valor do cachê, antes de aceitarem um convite para pregar. O pregador itinerante nato não, ele sente paixão pelas almas, prega pelas almas.

JRE: Então o senhor não concorda que o pregador cobre?
Pr. Gilson Arsenio:
Eu não sou contra cobrar, embora eu nunca tenha estipulado valor para pregar. Já preguei em lugares distantes e não cobrei nada, porque sempre tive o temor de Deus. Mas o tempo vai passando e você percebe que é homem, que tem que se vestir, tem que se alimentar. Então, não concordo que estipule valor, mas que cada um seja dependente de Deus. Por outro lado, acho que deve existir bom senso da parte dos pastores em valorizar os pregadores, porque às vezes eles pagam R$ 4 mil reais para o cantor e R$ 200 de oferta para o pregador. Isso não é correto. Deve haver a consciência de que o pregador itinerante vive da obra.

JRE: O senhor já teve alguma experiência nesse sentido?
Pr. Gilson Arsenio:
Eu já passei por muitas provações de ir pregar em congressos e o líder convocar a igreja para tirar uma oferta para o pregador, coisa que eu não concordo muito, e o povo ofertar com alegria para abençoar o ministro, e no final a gente ver que a oferta foi grande, mas na hora de repassar ao pregador, não dar nem a metade do que foi arrecadado. Isso entristece, porque é o povo que está sendo enganado. Mas não me arrependo de nada, porque a alma não tem preço. O que eu quero dizer é que o pregador itinerante tem que ter a consciência de que Deus também tem direito de prová-lo. Muita das vezes Deus permite isso para ver se ele é humilde. Não sou a favor de pregador itinerante que briga com a coordenação se acontecer algum problema relacionado a dinheiro, ele precisa ter a consciência de que fez a vontade de Deus e que Deus cuidará dele.

Então o pregador precisa ter compromisso com Deus acima de tudo?
Isso mesmo. Até porque, hoje em dia acontece muito de um pregador estar agendado com uma igreja pequena, e uma igreja grande convidá-lo para pregar no mesmo dia. Na mesma hora ele arruma uma desculpa e desfaz o compromisso anterior, porque sabe que a igreja grande dará um retorno melhor. Antes de ele ser homem de Deus, o pregador precisa ser santo, separado, diferenciado, e cumpridor da sua palavra. Nunca podemos perder o temor de Deus. Agora, se seu pastor te pedir para cancelar a pregação, porque precisa de você na igreja, é outra história. O pregador itinerante só será abençoado por Deus e próspero em seus caminhos, se ele for submisso ao seu pastor. Às vezes Deus permite os pastores bloquearem a agenda, para testar sua obediência.

Muitos pregadores não vivem o que pregam. O que o senhor diz disso?
O apóstolo Paulo disse para tomarmos cuidado, e depois de pregar para tantos, não venhamos a perder a nossa própria salvação. Deus não vai deixar de operar porque o pregador está em pecado. Deus é tremendo, Ele não vai deixar de fazer milagre por causa de ninguém. Se eu prego o nome de Jesus, o nome tem poder, e Ele tem compromisso com quem está ouvindo. Creio que Deus dá um tempo para que esses pregadores se arrependam e voltem ao caminho, mas também creio que muitos e muitos vão morrer no pecado e inclusos no “apartai-vos de mim malditos, pois eu não vos conheço”.

O que o senhor diz dos que pregam a mensagem dos outros como se fossem suas?
Existe algo chamado inspiração, quando eu ouço alguém pregar e de uma palavra dele eu faço outra mensagem. Agora é errado pregar a mensagem de outra pessoa dizendo que foi Deus quem te revelou. Isso é pecado, falta de humildade. Você até pode usar a revelação de outro, mas dizendo o nome da pessoa de quem você aprendeu aquilo. Outra coisa errada é ficar copiando o jeito de pregar dos pastores da mídia. Nunca vire um imitador.

E repetir a mesma mensagem em lugares diferentes?
Você pode repetir uma mensagem sua, mas o importante é seguir o direcionamento de Deus. O pregador tem que estar há disposição do Espirito Santo sempre. Não devemos pregar o que queremos, mas o que Deus quer. É importante estudar, pesquisar, se manter atualizado. Hoje em dia tem a informática, cursos, seminários, não existe desculpa. É muito triste aquele irmão que prega sempre a mesma mensagem aonde vai.

Como fazer para ser um pregador itinerante bem sucedido?
Em primeiro lugar você tem que ter raiz. O maior erro dos pregadores hoje é que eles querem começar pelos confins da terra, mas antes eles tem que passar por Jerusalém. E onde é Jerusalém? minha casa, meu vizinho, e minha igreja. Tem pregadores que até tem a chamada, mas não querem ter paciência para crescer, aprender e ter raiz. Tenha humildade, seja submisso ao seu pastor. Hierarquia, disciplina, autoridade e unção não se conseguem em seminário.